Lula e Trump levam impasse às Nações Unidas

Presidentes abrem a Assembleia Geral da ONU em meio a crise inédita entre Brasil e EUA, com agendas conflitantes

O presidente Lula (PT) e o presidente Donald Trump serão os primeiros chefes de Estado a discursar na Assembleia Geral da ONU “hoje”, em um cenário de crise inédita entre os dois países após novas sanções norte-americanas.

Pautas em choque. Enquanto Lula deve defender multilateralismocooperação climática e alternativas para conflitos bélicosTrump deve reforçar o papel global dos EUArefutar a agenda sustentável e defender Israel no conflito na Faixa de Gaza.

Alvo principal. A fala de Lula deve mirar os Estados Unidos, ainda que sem citações diretas a Trump, com críticas às tarifas unilaterais e às sanções aplicadas ao Brasil. O Planalto prepara um discurso que associa o “tarifaço” à “chantagem econômica” e acusa intervenção na soberania nacional.

Escalada diplomática. O Itamaraty repudiou com “profunda indignação” os novos anúncios — incluindo uso da Lei Magnitsky contra membros do governo e a esposa do ministro do STF Alexandre de Moraes — e afirmou que “o Brasil não se curvará”. A expectativa é de que Lula repita o tom na tribuna.

Canal fechado. Segundo interlocutores do Planalto e do Itamaraty, tentativas de diálogo após as sanções ficaram restritas ao secretário de Estado Marco Rubio e ao próprio Trumpsem oferecer canal efetivo de interlocução, o que irritou Lula e a cúpula governista.

Momento histórico. Em 201 anos de relações bilaterais e 80 anos de Assembleias da ONU, nunca os dois países chegaram à tribuna em divergência tão aguda. Tradicionalmente, o Brasil fala primeiro, seguido dos EUA; antes, a sessão é aberta pelo diretor-geral da ONU, António Guterres, e pela presidente da Assembleia Geral, Annalena Baerbock.

O que observar no plenário

  • Multilateralismo x unilateralismo: Lula deve enfatizar governança global e economia multipolar, confrontando tarifas e sanções.
  • Clima e conflitos: contraste entre agenda climática e a defesa de interesses estratégicos pelos EUA.
  • Soberania e punições: repercussões das sanções e do “tarifaço” no tom e no relacionamento bilateral.