Lula critica Trump e Bolsonaro na abertura da ONU

Presidente defende multilateralismo, soberania do Judiciário e maior voz ao Sul Global em meio a tensão por sanções dos EUA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu a Assembleia Geral da ONU com um discurso de tom firme contra as sanções dos Estados Unidos e o avanço da extrema direita. Sem nominar adversários, lançou críticas diretas a Donald Trump e Jair Bolsonaro“Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos autocratas.”

Lula ancorou a fala na defesa do multilateralismo e da cooperação internacional. Para ele, autocratas buscam “subjugar instituições, sufocar liberdades, cultuar a violência, exaltar a ignorância, atuar como milícias físicas e digitais e cercear a imprensa.” O presidente também afirmou que “a agressão contra a independência do Poder Judiciário é inaceitável”, em referência às sanções contra ministros do STF.

No campo internacional, Lula pediu paz e condenou ataques de Israel, reiterando que o que ocorre na Faixa de Gazaconfigura “genocídio” e “limpeza étnica.” Sobre a Ucrânia, enfatizou que “não haverá solução militar”, reforçando o apelo por negociações.

Ao tratar do Sul Global, o presidente cobrou financiamento para países em desenvolvimento e ampliação de cadeiras permanentes no Conselho de Segurança da ONU, defendendo maior participação nas decisões internacionais. Ele também destacou a COP30, em Belém, definindo o encontro como a “COP da verdade” e cobrando compromissos concretos de países ricos com clima e florestas.

Lula lembrou o papel histórico do Brasil na abertura dos debates gerais — tradição seguida pela fala do presidente dos Estados Unidos — e o protocolo que prevê a abertura da sessão pelo secretário-geral António Guterres, seguida da presidente da Assembleia, Annalena Baerbock.