Larry Fink afirma: sistema financeiro dos EUA está seguro, apesar de abalos tarifários

CEO da BlackRock reconhece impactos das medidas comerciais, mas descarta riscos sistêmicos e reforça confiança na resiliência do setor financeiro norte-americano

Em um momento de incertezas econômicas e tensões geopolíticas crescentes, a voz de Larry Fink — CEO da BlackRock, maior gestora de ativos do mundo — ecoa com o peso da autoridade de quem administra trilhões de dólares e lê o mercado como quem lê o tempo: buscando padrões além da superfície.

Nesta quinta-feira (15), Fink afirmou que o sistema financeiro dos Estados Unidos permanece “seguro e sólido”, mesmo diante dos transtornos causados pelas tarifas impostas pela atual administração norte-americana.

Os mercados se recuperaram parcialmente. Os investidores querem ser otimistas, mas ainda há um pouco de ansiedade e incerteza”, declarou o executivo durante evento fechado com analistas. Ele reconheceu que os choques recentes, embora perturbadores, diferem em natureza e escala dos grandes abalos anteriores, como a crise de 2008 ou o colapso causado pela pandemia. “Não há risco sistêmico. Não há uma pandemia. Nosso sistema financeiro é seguro e sólido”, reforçou.

Tarifas e tensão

As medidas tarifárias adotadas pelo governo de Donald Trump — que envolvem sobretaxas sobre importações estratégicas — têm provocado reações mistas no mercado. De um lado, setores produtivos e investidores enxergam proteção e incentivo ao mercado interno. De outro, temem o recrudescimento de conflitos comerciais com potências como a China, com potencial de minar cadeias globais de suprimentos e desestabilizar preços.

Fink, com sua habitual cautela estratégica, evitou julgamentos diretos sobre as decisões da Casa Branca, mas admitiu que a política tarifária tem gerado ruídos relevantes, especialmente em um ambiente já sensível por questões inflacionárias e mudanças nas políticas monetárias globais.

Confiança na estrutura

A mensagem central do CEO da BlackRock é clara: há fundamentos robustos sustentando o sistema financeiro norte-americano, o que impede que as perturbações atuais se transformem em uma crise sistêmica.

Com experiência acumulada ao longo de décadas — incluindo o protagonismo durante a gestão da crise de 2008 —, Larry Fink representa uma figura que inspira confiança entre grandes investidores institucionais. Sua leitura, portanto, funciona como termômetro e bússola: não apaga os sinais de alerta, mas reafirma a resiliência de um sistema que aprendeu com as feridas do passado.