Audiências nos EUA começam nesta segunda (21/4) e podem obrigar a empresa a vender o navegador Chrome. Caso pode redefinir o equilíbrio de poder na tecnologia global
Um dos processos mais significativos da história recente da tecnologia mundial começou a ser julgado nesta segunda-feira (21/4) nos Estados Unidos. Em jogo, está o futuro do Google como principal mecanismo de busca da internet — e, potencialmente, a obrigação de se desfazer do navegador Chrome, um dos ativos mais valiosos da companhia.
A ação é conduzida pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ), que acusa o Google de manter um monopólio ilegal no mercado de buscas online. O julgamento ocorre na Corte Distrital de Washington, sob responsabilidade do juiz federal Amit Mehta, e deve se estender por pelo menos três semanas.
🔍 O centro da disputa
No cerne do processo está a acusação de que o Google gastou US$ 26 bilhões para garantir que seu mecanismo de busca fosse definido como padrão em bilhões de dispositivos ao redor do mundo, incluindo smartphones, tablets e navegadores. Esse valor teria sido repassado a fabricantes e empresas de software — como Apple, Samsung e a própria Mozilla — em troca da exclusividade nas buscas.
O juiz Mehta já decidiu, em agosto de 2024, que o Google de fato monopolizou o mercado de buscas, ao bloquear a entrada de concorrentes e limitar a escolha dos consumidores. As audiências iniciadas agora visam discutir qual será a penalidade e como o monopólio será desfeito.
🧨 A venda do Chrome em pauta
Entre as possibilidades avaliadas pelo tribunal está a mais drástica: a exigência de que o Google venda o navegador Chrome — o browser mais utilizado no mundo — ou que seja proibido de integrá-lo automaticamente ao seu motor de busca.
Analistas avaliam que a separação entre o Chrome e a Busca Google poderia desestabilizar o modelo de negócios da empresa, fortemente baseado em publicidade direcionada e volume de tráfego. Em 2023, a divisão de buscas do Google foi responsável por quase 60% da receita total da Alphabet, controladora da companhia.
🌐 Precedente global
Este julgamento é considerado um marco para o futuro da regulação das big techs. Um desfecho desfavorável ao Google pode abrir precedente para ações similares na União Europeia, no Reino Unido e em outras jurisdições, onde discussões sobre poder de mercado e práticas anticompetitivas também estão em andamento.
Além disso, o processo ocorre em um momento em que a hegemonia do Google nas buscas passa a ser desafiada por novas ferramentas baseadas em inteligência artificial, como o ChatGPT da OpenAI e o Perplexity AI — que oferecem respostas diretas, baseadas em linguagem natural, sem depender da lógica tradicional de páginas e links.
O resultado do julgamento pode redefinir o modelo atual de navegação e pesquisa online, abrindo espaço para uma nova era no acesso à informação digital.