Levantamento do Estadão identificou 16 assaltos a joalherias no Brasil em 2022 desde o início do ano
Shoppings em várias regiões do Brasil têm visto uma onda de assaltos em joalherias, alguns em horários de pico e até com troca de tiros entre seguranças e suspeitos. Em São Paulo e no Rio, foram três roubos em menos de uma semana – dois terminaram em mortes. Em maio, houve ao menos dois casos na Grande Belo Horizonte. As polícias ainda tentam entender os perfis das quadrilhas e se há conexão entre os crimes.
Levantamento do Estadão identificou pelo menos 16 ataques a joalherias desde o início do ano, em seis Estados e no Distrito Federal. Um dos atrativos desse tipo de roubo, apontaram delegados, é o alto valor dos produtos roubados e a possibilidade de usar materiais mais valiosos, como ouro e prata, como fonte rápida de dinheiro.
O caso mais recente foi no Shopping Aricanduva, zona leste da capital paulista. Quatro criminosos assaltaram uma joalheria no local no último dia 29 e, durante a fuga, trocaram tiros com seguranças no estacionamento. Ninguém se feriu, mas o grupo conseguiu fugir e abandonou o carro usado no roubo, que estava cravejado com balas, em uma rua próxima.
À frente das investigações, o delegado Renato Bartelega disse ao Estadão que é o primeiro caso com esse perfil que atende desde que começou a atuar no 66º Distrito Policial (Vale do Aricanduva), no início do ano passado. Ainda não há presos, mas as investigações estão “bem avançadas”, informou o delegado. O prejuízo estimado é de R$ 300 mil.
Menos de uma semana antes, no último dia 25, um grupo fortemente armado invadiu duas joalherias do Shopping Parque D. Pedro, em Campinas, interior de São Paulo. O crime resultou na morte de um suspeito, atingido por um segurança durante troca de tiros no estacionamento, e na prisão em flagrante de outras três pessoas. Parte do bando, que não teve a quantidade de integrantes revelada pela polícia, conseguiu fugir.
“Chamam atenção a ousadia e até a imprudência da quadrilha de ter cometido um crime como esse em um sábado à noite, um dos horários em que os shoppings são mais movimentados”, disse ao Estadão o delegado Oswaldo Diez Junior, da Divisão de Investigações Criminais de Campinas. Segundo ele, o tumulto causado não só prejudicou a ação da quadrilha, como colocou consumidores e funcionários do shopping em risco.
Na mesma data, um segurança morreu em uma troca de tiros dentro de um shopping de luxo na zona oeste do Rio de Janeiro. A investigação indica que pelo menos 12 criminosos participaram do assalto à Sara Joias, no Village Mall. Após recolher joias e relógios, o grupo atirou durante a fuga na cabeça do segurança Jorge Luiz Antunes, de 49 anos, que morreu na hora. Até o momento, dois suspeitos foram identificados, o último nesta segunda-feira, 4. Procurada pela reportagem, a Polícia Civil do Estado (PCERJ) informou que “as investigações seguem para identificar e prender todos os envolvidos”.