Ferramentas de IA personalizam o atendimento, aceleram negociações e ajudam corretores a tomar decisões mais assertivas. Mas a adoção ainda gera insegurança entre profissionais
A inteligência artificial (IA) está deixando marcas profundas no setor imobiliário brasileiro. Mais do que uma promessa futurista, a tecnologia vem gerando resultados práticos: empresas do ramo relatam aumento de até 200% na conversão de potenciais interessados em compradores efetivos, segundo especialistas ouvidos pelo Terra.
O salto na produtividade se deve, principalmente, à capacidade da IA de eliminar gargalos comuns no atendimento humano, como a lentidão nas respostas e a dificuldade de mapear o perfil e as necessidades do cliente.
“Essas falhas comprometem a experiência do consumidor e derrubam a taxa de fechamento de negócios”, afirma Rayniere Evangelista, gerente de marketing e relacionamento da BRN Construtora. Para ele, a IA tem corrigido esses pontos com eficiência, agilidade e personalização, entregando uma jornada de compra mais fluida.
Experiência personalizada, em escala
Na avaliação de Carlos Spindola, superintendente de TI da Construtora Patriani, o segredo está na combinação de atendimento automatizado, escalabilidade e naturalidade nas interações.
“A IA consegue dialogar com leads em canais como o WhatsApp, compreender demandas e recomendar imóveis de forma personalizada. Tudo isso, mantendo uma linguagem acessível e humana”, explica.
Para além do atendimento, as ferramentas de IA também atuam como assistentes inteligentes dos corretores, otimizando o pré-atendimento e cruzando dados de interesse com o portfólio de imóveis — incluindo valores, diferenciais e disponibilidade. O resultado é um ciclo de vendas mais enxuto, com maior chance de conversão.
Receios e resistência: a tecnologia vai substituir o corretor?
Apesar dos avanços, nem todos os profissionais da área estão prontos para abraçar essa nova era.
Uma corretora, que preferiu não se identificar, relatou que evita usar ferramentas de IA por medo de perder o emprego: “Me pediram para usar, mas fico insegura. Parece que estão preparando a tecnologia para nos substituir.”
Especialistas, no entanto, rechaçam esse temor. “A presença humana continua sendo indispensável. O que muda é o papel do profissional, que passa a atuar de forma mais estratégica, com base em dados e ferramentas de apoio”, afirma Evangelista.
IA do popular ao alto padrão
O uso da IA também varia conforme o nicho de atuação. Em imóveis de menor valor, a automação pode ser responsável por boa parte do processo, até a assinatura do contrato. Já no mercado de médio e alto padrão, a tecnologia funciona como suporte ao corretor — acelerando o pré-atendimento e qualificando leads com mais precisão.
Mais do que uma tendência, a inteligência artificial no mercado imobiliário é uma mudança estrutural na forma de vender, comprar e atender. Com algoritmos capazes de realizar análises preditivas, recomendar imóveis com base em comportamento e otimizar estratégias de preço e promoção, a IA deixa de ser coadjuvante e assume protagonismo no setor.
“Quem souber integrar essas ferramentas ao seu trabalho terá uma vantagem competitiva real”, resume Evangelista.