Por trás das grades, o silêncio do poder. Do lado de fora, o grito de quem não pode mais esperar.
O Palácio do Buriti, sede do Governo do Distrito Federal, amanheceu cercado. Grades metálicas desenham, desde a semana passada, uma fronteira física e simbólica entre o poder e os servidores públicos que, nesta segunda-feira (23), tomam a Praça do Buriti em mais um ato de reivindicação.
Convocado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), o protesto está marcado para as 16h e acontece em meio à greve dos professores da rede pública, que já chega ao 21º dia. A categoria, que carrega nas mãos cadernos, mas nas vozes a indignação, pede mais do que reajustes: exige respeito, valorização e diálogo efetivo.
A mobilização de hoje carrega também a expectativa de um possível desfecho. Às 15h, uma hora antes do início do ato, o governador Ibaneis Rocha (MDB) recebe no Palácio o deputado distrital Chico Vigilante (PT) para discutir um eventual acordo que possa encerrar o movimento paredista.
A tensão não é novidade. No último grande ato, em 10 de junho, professores e demais servidores da Secretaria de Educação bloquearam faixas do Eixo Monumental em frente ao Palácio do Buriti, provocando engarrafamentos e obrigando o governo a, mais uma vez, ouvir — ainda que contrariado — o eco das vozes que vêm das ruas. Naquele dia, a Polícia Militar respondeu com spray de pimenta. Uma resposta tão simbólica quanto as grades que hoje isolam o palácio.
Enquanto dentro das paredes se costuram acordos, do lado de fora se costura resistência. E a cidade, mais uma vez, assiste ao velho embate entre quem governa e quem não aceita ser governado sem ser ouvido.