Flávia Alessandra revisita juventude e fala sobre paixão por homem gay

Em podcast, atriz compartilha vivência pessoal e reforça mensagem contra a romantização de afetos não correspondidos: “Não existe cura gay”

Durante participação no podcast Pé no Sofá Pod, a atriz Flávia Alessandra abriu o coração sobre um episódio de sua juventude que ainda ecoa em muitas histórias por aí — e não apenas no universo feminino. Ao responder a um relato enviado por uma ouvinte, a artista revelou já ter se apaixonado por um homem gay e, por um tempo, acreditado na ilusão de que poderia “mudá-lo”.

“Já tive essa ilusão. Tentei mudar alguns, mas nunca conheci ninguém que tivesse deixado de ser gay. Simplesmente não existe isso”, afirmou, com sinceridade desarmante.

O episódio foi motivado por uma mensagem enviada por Camila, ouvinte do programa, que relatou ter desenvolvido sentimentos por um amigo homossexual e começou a se esforçar para parecer mais interessante aos olhos dele — na esperança silenciosa de que o afeto entre eles pudesse ultrapassar os limites da amizade.

Flávia respondeu com empatia e lucidez, resgatando sua própria experiência como forma de acolher a jovem e, ao mesmo tempo, lançar luz sobre uma questão mais profunda: a falsa expectativa de transformação da orientação sexual do outro como prova de amor ou de “merecimento” afetivo.

“Você pode até ser próxima dele, mas não espere algo além da amizade. Não vai acontecer”, aconselhou.

Ao lado da mãe, a atriz Giulia Costa também participou da conversa e reforçou o alerta:

“Isso não tem a ver com você. Ele simplesmente não sente atração por mulheres. Não é uma escolha. Não existe cura gay. Talvez seja melhor se afastar um pouco até conseguir lidar com os sentimentos.”

Quando a romantização vira armadilha emocional

O relato de Flávia vai além da anedota pessoal: ele toca em um ponto delicado da cultura afetiva contemporânea — especialmente entre mulheres heterossexuais que crescem expostas à narrativa de que “amor tudo supera” e que “se você for boa o suficiente, ele muda por você”.

Ao confrontar essa fantasia com franqueza, a atriz contribui para um discurso necessário de desromantização do sofrimento emocional e reconhecimento dos limites do desejo alheio. Orientação sexual não é fase, não é trauma, não é obstáculo a ser vencido por um grande amor. É identidade.

A fala de Flávia, mesmo íntima e espontânea, funciona como um contraponto poderoso a discursos conservadores que ainda alimentam a crença em “cura gay” ou que invalidam experiências LGBTQIA+ em nome de valores afetivos normativos.

Uma vida em construção — com afeto real

Aos 50 anos, Flávia Alessandra vive uma relação sólida com o apresentador Otaviano Costa, com quem é casada desde 2006. O casal — conhecido pela leveza e bom humor — completa 20 anos juntos em 2026, e sempre que possível reforça, publicamente, a cumplicidade que os une.

Eles são pais de Olívia, e Otaviano também participou ativamente da criação de Giulia Costa, filha de Flávia com o diretor Marcos Paulo.

Ao falar sobre afeto, maternidade e limites, Flávia se mostra não só como artista, mas como mulher que viveu, errou, aprendeu e hoje compartilha — com o tipo de voz que precisa ecoar num tempo em que desinformação ainda tenta calar identidades.