Brasília, outubro de 2025 — A proposta de criar faixas exclusivas para motociclistas nas vias do Distrito Federal — conhecidas como faixas azuis — foi tema de debate na Câmara Legislativa (CLDF) no último dia 22. Inspirado no modelo adotado em algumas avenidas de São Paulo, o projeto ainda desperta cautela por parte do Governo do DF, que defende a realização de estudos técnicos mais aprofundados antes de avançar.
Segundo o secretário de Transporte e Mobilidade, Zeno Gonçalves, a principal preocupação da pasta é com o impacto que a nova faixa poderia trazer ao transporte público coletivo, considerado prioridade no trânsito. Ele alerta que a implantação da faixa azul exigiria a redução da velocidade máxima em vias estruturantes, como a Estrutural, o que poderia comprometer a fluidez dos ônibus e alterar significativamente a dinâmica de tráfego.
“Essa medida, ao que parece, teria que vir acompanhada de uma redução de velocidade em várias vias. Precisamos estudar os impactos com seriedade, principalmente sobre o transporte público, que atende a maior parte da população”, declarou o secretário.
Estudos em andamento
O projeto ainda está em fase de análise técnica por parte do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF), que avalia critérios como:
- Geometria das vias;
- Volume de motocicletas;
- Histórico de acidentes envolvendo motos;
- Viabilidade das intervenções em cada rodovia.
O órgão ainda não definiu prazos para a conclusão dos estudos nem confirmou a viabilidade da implantação. A Secretaria de Mobilidade (Semob), por sua vez, reforça que a faixa azul ainda não é regulamentada no DF, e qualquer implementação depende de testes controlados em trechos-piloto.
Modelo paulista inspira, mas não define
Em São Paulo, onde o projeto da faixa azul já está em vigor em algumas avenidas, a ideia é oferecer mais segurança aos motociclistas, organizando o fluxo em uma faixa específica de 1,20 metro de largura, sendo 1,10 metro de área útil.
No entanto, especialistas divergem sobre a eficácia do modelo. Enquanto alguns apontam a iniciativa como positiva para reduzir acidentes, outros alertam que, sem infraestrutura adequada e fiscalização intensa, a faixa pode se tornar um novo ponto de conflito no trânsito.
A pergunta que fica:
A faixa azul representa mais segurança e organização ou mais desafios para o já sobrecarregado trânsito de Brasília?
Enquanto os estudos continuam, o tema segue gerando debates entre motociclistas, motoristas, especialistas em mobilidade e o poder público.