Facção criminosa mira empresas de internet no Ceará

Desde fevereiro, Fortaleza e outras três cidades do Ceará vivem sob a tensão de uma escalada criminosa inédita: ataques sistemáticos a empresas provedoras de internet. Até agora, cinco companhias foram alvos de incêndios, cortes de cabos, tiroteios e vandalismo, com prejuízos que afetaram diretamente milhares de usuários e colocaram em xeque a segurança de um serviço essencial à vida contemporânea.

A ofensiva criminosa é atribuída ao Comando Vermelho, facção de origem carioca com crescente atuação na região Nordeste. Em resposta, a Polícia Civil deflagrou nesta quarta-feira (12) uma operação que resultou na prisão de 17 suspeitos.


🚨 Como foram os ataques?

Desde o dia 22 de fevereiro, o estado do Ceará contabiliza pelo menos oito ataques documentados. As ações envolvem:

  • Queima de veículos de prestadoras de serviço
  • Tiros contra fachadas de empresas
  • Sabotagem de fiações e infraestrutura de telecomunicação

Só na última semana, seis dessas ações foram atribuídas diretamente à facção.


📍 Onde os ataques ocorreram?

Os crimes se concentraram em quatro municípios:

  • Fortaleza (bairros Pirambu e Jacarecanga)
  • Caucaia
  • Caridade
  • São Gonçalo do Amarante

Em Caridade, cidade com pouco mais de 22 mil habitantes, 90% dos clientes ficaram sem internet após a destruição da rede local.


🧠 O que motiva os ataques?

De acordo com o delegado Alisson Gomes, da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), os ataques são uma forma de extorsão. A facção estaria exigindo que empresas de internet repassessem parte da mensalidade paga pelos usuários à organização criminosa. Aquelas que se negam a colaborar, tornam-se alvo.


🧑‍⚖️ Quem são os responsáveis e qual a resposta do Estado?

Polícia Civil cumpriu 17 mandados, sendo:

  • 5 prisões em flagrante
  • 12 mandados de prisão preventiva

As investigações seguem em curso. No plano político, o governador Elmano de Freitas anunciou, no último dia 8, a criação de um grupo especial de investigação para focar especificamente nesses crimes, sinalizando que o Estado está mobilizado para enfrentar a escalada de violência.


🧾 Quais empresas foram atacadas?

Cinco provedores de internet já sofreram algum tipo de agressão:

  • Brisanet
  • ACNet
  • Planeta Net
  • Giga+ Fibra
  • A4 Telecom

Essas empresas operam majoritariamente em regiões periféricas e pequenas cidades — justamente onde a presença do poder público tende a ser mais frágil e o domínio de facções mais agressivo.


📅 Cronologia dos ataques

22 de fevereiro – Dois veículos da Brisanet incendiados no bairro Jacarecanga, Fortaleza
27 de fevereiro – Empresa vandalizada no distrito do Pecém, São Gonçalo do Amarante
6 de março – Carro de serviço incendiado no Conjunto Metropolitano, Caucaia
7 de março – Fiação destruída em Caridade; 90% da cidade sem internet
8 de março – GDF anuncia criação de grupo especial de combate
9 a 11 de março – Tiros, incêndios e sabotagens em Caucaia e adjacências
12 de abril – Operação policial prende 17 suspeitos ligados ao Comando Vermelho


❓ O que ainda falta saber?

Apesar das prisões e ações emergenciais do Estado, muitos pontos seguem sem respostas claras:

  • Qual o real alcance da facção no setor de telecomunicação no Ceará?
  • Quantas pessoas foram diretamente impactadas pela queda de serviços?
  • As empresas possuem plano de contingência?
  • Como garantir segurança digital e física diante da presença do crime organizado?

⚠️ A ameaça silenciosa à infraestrutura essencial

A escalada de violência contra empresas de internet no Ceará acende um alerta nacional: infraestruturas críticas — como telecomunicação, transporte, energia — estão sob risco direto da ação de organizações criminosas que usam o terror como instrumento de controle territorial e financeiro.

Proteger o direito à conectividade passou a ser, também, uma luta por soberania e segurança pública.