Militar que assumiu o cargo em Brasília não fala português, não conhece o país e tomou posse em cerimônia fechada, sem a presença de autoridades brasileiras
Em mais um gesto que sinaliza o distanciamento diplomático e ideológico entre os governos de Joe Biden e Luiz Inácio Lula da Silva, a Embaixada dos Estados Unidos em Brasília realizou, de forma discreta e sem a presença de autoridades brasileiras, a cerimônia de posse de seu novo adido de defesa.
O oficial norte-americano, que não fala português e não tem familiaridade com o Brasil, assumiu o cargo em evento fechado, sem convite a representantes do Ministério da Defesa ou das Forças Armadas brasileiras.
Fontes ouvidas pela reportagem afirmam que a ausência de interlocução com o governo Lula na troca de adido é vista como um sinal claro de esfriamento nas relações militares entre os dois países.
“É um gesto simbólico, mas que carrega um recado diplomático importante”, avaliou um oficial da reserva com passagem por órgãos de cooperação bilateral.
Clima tenso entre os governos
O episódio ocorre em meio a uma série de tensões bilaterais. Recentemente, o presidente Donald Trump elevou o tom contra o Brics e contra o próprio Brasil, ao anunciar tarifas de até 10% sobre produtos dos países do bloco, como resposta à agenda de desdolarização liderada por Lula.
Esse cenário tem ampliado o distanciamento ideológico entre Washington e Brasília, afetando também a tradicional cooperação militar e científica entre os dois países — relação construída ao longo de décadas.
Cooperação em xeque
Historicamente, Brasil e Estados Unidos mantêm exercícios conjuntos, acordos de formação militar e intercâmbio de inteligência, mas fontes do setor indicam que a confiança mútua foi abalada desde o retorno de Lula ao Planalto e o endurecimento do discurso de Trump no cenário internacional.
A substituição do adido sem diálogo com o governo anfitrião é vista por diplomatas como um movimento inédito nas últimas décadas e pode representar o início de uma reconfiguração nas relações militares hemisféricas, com impacto direto sobre os interesses estratégicos do Brasil na América do Sul.