Moeda americana avança diante de incertezas provocadas por nova rodada de ameaças do ex-presidente dos EUA contra Brasil, Canadá e União Europeia
O dólar iniciou a semana em alta nesta segunda-feira (14), pressionado pelas novas ameaças tarifárias de Donald Trump, que voltou a mirar o Brasil, a União Europeia e o Canadá em sua retórica comercial.
Às 9h03, a moeda norte-americana subia 0,36%, cotada a R$ 5,5678. Durante a manhã, atingiu a máxima de R$ 5,591, antes de recuar levemente à tarde após sinalizações de distensão por parte do republicano.
Na semana, o dólar acumula alta de 2,24%. No ano, ainda registra queda de 10,24% frente ao real.
Tensão tarifária em alta
Na quarta-feira (9), Trump anunciou uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, alegando insegurança jurídica e ativismo judicial no país. O presidente Lula reagiu com críticas e ameaçou retaliação via Lei de Reciprocidade, caso as medidas sejam implementadas.
“Se ele [Trump] ficar brincando de taxação, vai ser infinita essa taxação”, declarou Lula.
Trump respondeu em tom desafiador, afirmando que qualquer reação do Brasil será somada aos 50% já anunciados.
Efeito nos mercados
As ameaças deflagraram um movimento de aversão a risco:
- O dólar chegou a subir quase 1% na máxima do dia.
- A Bolsa recuou 0,40%, aos 136.187 pontos, com queda acumulada de 3,64% na semana.
- Ações da Localiza caíram 4,15%.
O índice VIX, conhecido como “índice do medo” de Wall Street, subiu 3,93%, evidenciando o aumento da volatilidade nos mercados globais.
“O cenário sinaliza para uma possível guerra comercial total a partir de 1º de agosto”, avaliou Márcio Riauba, da StoneX.
Impactos para o Brasil
Economistas alertam para os efeitos da disputa tarifária:
- Alta do dólar pode pressionar a inflação, principalmente via insumos e alimentos.
- Investidores estrangeiros podem recuar, afetando o câmbio e o fluxo de capitais.
- Empresas exportadoras e setores industriais devem ser os mais atingidos.
“Do ponto de vista macroeconômico, há risco de aceleração inflacionária, o que pode forçar o BC a manter a Selic elevada”, explicou Jeff Patzlaff, planejador financeiro.
Por outro lado, a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda apontou que os efeitos, se confirmados, devem se concentrar em setores específicos, com impacto limitado sobre o crescimento do PIB.
China reage e critica EUA
A crise também atraiu reação internacional. A China criticou a postura dos EUA, afirmando que “tarifas não devem ser ferramentas de coerção” e defendendo o respeito à soberania e à não interferência em assuntos internos.
Mais países na mira de Trump
Além do Brasil, Trump ameaçou o Canadá com tarifa de 35% sobre seus produtos, citando “falhas no combate ao tráfico de fentanil”.
Ele também cogita elevar a tarifa básica sobre países não específicos de 10% para até 20%.
A leitura dos mercados é clara: as ameaças podem marcar o início de uma nova guerra comercial global.