Direita teme Eduardo “incontrolável” e impasse para 2026

Deputado diz dos EUA que quer disputar o Planalto e rejeita alternativa à anistia; cúpulas veem risco de fragmentação da direita

Lideranças da direita — do PL ao centrão — avaliam que Eduardo Bolsonaro (PL-SP) atua como um fator de entropia para 2026. Dos Estados Unidos, onde se fixou neste ano, o deputado afirmou que pretende concorrer à Presidência caso o pai não dispute, reforçando o veto a saídas que não incluam anistia aos condenados do 8 de Janeiro. O movimento acendeu alertas entre caciques que pregam unidade e veem risco de fragmentação do campo conservador. 

A leitura desses dirigentes é que Eduardo consolida algo em torno de “dois dígitos” — suficiente para bloquear um nome competitivo da própria direita em eventual segundo turno. O diagnóstico ganhou força após as declarações do deputado sobre candidatura “virtual” a partir dos EUA e a exigência de anistia amplaCiro Nogueira (PP) cobrou “bom senso na direita” e união, em recado interpretado como indireta ao parlamentar. 

No tabuleiro do Congresso, a alternativa à anistia — o chamado PL da dosimetria — segue sem acordo entre Câmara e Senado, o que alimenta a escalada retórica de Eduardo e amplia o impasse nos bastidores. A votação do texto depende de entendimento entre as Casas, e lideranças admitem que não há clima para avanço imediato. 

A ofensiva política fora do país também ganhou apoio orgânico do PL. O líder do partido na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), esteve nos EUA para se reunir com Eduardo e o influenciador Paulo Figueiredo — encontro divulgado com o lema “Todos pela anistia”. Para aliados, a foto simboliza a dificuldade de conter o deputado; para críticos, sinaliza a radicalização de uma ala que pode isolar possíveis nomes como Tarcísio de Freitas

No pano de fundo, o clã Bolsonaro enfrenta pressões judiciais e tensões diplomáticas. Em paralelo às falas de Eduardo, os EUA sob Trump aplicaram sanções a familiares do ministro Alexandre de Moraes, e o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro tenta reverter medidas enquanto sua defesa trava batalhas no STF — combustível para o discurso de perseguição que o deputado explora junto à base.