Larry Fink afirma que investidores estão fugindo de moedas tradicionais e títulos públicos diante da escalada das dívidas governamentais
O CEO da BlackRock, Larry Fink, um dos nomes mais influentes do mercado financeiro global, afirmou nesta semana que ativos como criptomoedas e ouro vêm ganhando força entre investidores por uma razão clara: o medo.
Durante o evento Future Investment Initiative (FII), realizado em Riad, na Arábia Saudita, Fink explicou que essa mudança de comportamento reflete a crescente preocupação com a instabilidade financeira global, impulsionada por níveis históricos de endividamento público.
“Deter criptoativos ou ouro são ativos do medo. Você compra esses ativos porque tem medo da desvalorização dos seus bens. Está preocupado com sua segurança financeira — e até física”, disse Fink.
“Debasement trade”: o novo movimento silencioso do mercado
O termo usado nos bastidores para descrever essa tendência é “debasement trade” — uma estratégia em que investidores vendem títulos do governo e moedas tradicionais como dólar, iene e euro, para migrar para ativos considerados mais seguros em tempos de incerteza, como ouro, prata e criptomoedas.
Esse movimento é um reflexo direto do aumento dos riscos fiscais globais e da percepção de que as moedas fiduciárias podem perder valor com o tempo. Em outras palavras, há um crescente temor sobre a sustentabilidade das políticas econômicas adotadas por governos ao redor do mundo.
BlackRock e o papel da confiança no sistema financeiro
As declarações de Fink ganham ainda mais peso por virem do executivo à frente da maior gestora de ativos do mundo, com mais de US$ 10 trilhões sob gestão.
Embora o ouro seja um ativo tradicionalmente visto como reserva de valor em momentos de crise, as criptomoedas vêm ganhando espaço nesse cenário, especialmente entre os investidores mais jovens ou ligados ao setor de tecnologia. Para muitos, o Bitcoin tem assumido o papel de “ouro digital”.
Incertezas no horizonte
A combinação de inflação persistente, dívidas crescentes, instabilidades geopolíticas e pressões sobre os bancos centrais tem alimentado a busca por alternativas que ofereçam algum tipo de proteção patrimonial.
Fink não afirmou que esse movimento é passageiro — tampouco recomendou um ou outro ativo — mas deixou claro que o medo está moldando o mercado e os investidores estão ouvindo o alerta silencioso da economia global.