Correspondente da GloboNews usa termo considerado ofensivo aos negros

Âncora Aline Midlej, que é negra e ativista antirracismo, não o corrigiu no ‘Jornal das 10’

No final do ‘J10’ de quarta-feira (17), o correspondente em Nova York, Jorge Pontual, usou um termo considerado preconceituoso no Brasil ao noticiar uma futura missão espacial norte-americana. 

“Os primeiros representantes da humanidade a voltar à lua serão um homem e uma mulher, e um deles será uma pessoa de cor, segundo a NASA”, disse. 

Aqui, a expressão “pessoa de cor” está diretamente associada à segregação racial. Afinal, os brancos e os amarelos (orientais) também têm cor. 

Foi amplamente usada no passado, em um tempo no qual a discriminação era pouco discutida na sociedade e quando ainda se ouvia outros termos racistas, como ‘crioulo’. 



Remete ainda ao ‘apartheid’ na África do Sul, onde pretos eram chamados de ‘colored people’ (pessoas de cor) e obrigados por lei a ocupar espaços separados da população branca, como banheiros e assentos no transporte público. 

A terminologia correta no Brasil, usada pelo IBGE no Censo, é “pretos e pardos”. No dia a dia, há quem prefira dizer “negros”.

Talvez Jorge Pontual, que mora em Nova York desde 1996, tenha sido vítima da confusão mental comum a quem vive entre dois ou mais idiomas. 

Nos Estados Unidos, o termo ‘colored people’ é amplamente aplicado para designar os afro-americanos ou qualquer grupo étnico não-branco. Aparece na imprensa e até no nome de entidades contra o racismo. 

Diante do erro, a âncora do ‘J10’, Aline Midlej, negra e importante voz antirracismo na mídia, deixou de fazer a necessária correção. Não prestou atenção ou preferiu não expor o colega ao vivo. 

Na mesma GloboNews, outros termos considerados pejorativos têm sido evitados. A âncora de Brasília do ‘Conexão GloboNews’, Camila Bonfim, e a correspondente em Nova York Carolina Cimenti se desculparam no ar por usar ‘denegrir’. 

Outro episódio no mesmo canal envolveu o ministro do STF Luís Roberto Barroso ao ser entrevistado no estúdio do DF. 

Ao cumprimentar Aline Midlej e a comentarista Flávia Oliveira, também negra e ativista da causa, ele disse sentir “inveja branca” das duas, que estavam no Rio. Corrigiu-se imediatamente.