Depois de apenas uma hora e meia de viagem de trem saindo de Paris, o viajante está na região de Champagne, onde o programa principal é rodar e visitar as produções artesanais e familiares.
São diversas cidadezinhas charmosas rodeadas por enormes plantações de videiras e é possível encontrar caves que se estendem por mais de 20 quilômetros subterrâneos e datam de quando os romanos dominavam a região.
Duas das principais — e com mais atrações para o público — são a Taittinger, em Reims, e a Moët&Chandon, em Epernay. Duas micro cidades a 30 minutos de trem uma da outra, na região que deu nome aos famosos vinhos espumantes. Ou seja, dá para fazer as duas num único dia saindo, de trem, de Paris em direção a Reims e depois para Epernay.
Taittinger: 100% família
A Taittinger — a terceira produtora de champanhe mais antiga do mundo, segundo a “Wine Investment”—. é uma maison que se diferencia das outras.
Enquanto a maioria pertence a grandes grupos, a Taittinger se mantém desde 1734 como uma empresa familiar. Originalmente sob o nome Forest-Fourneaux, foi fundada por Jacques Fourneaux, que colaborou com monges beneditinos para aprender os meandros de fazer este espumante. Na década de 1930, foi comprado por um francês chamado Pierre Taittinger, que serviu o exército.
Atualmente é presidida por Vitalie Taittinger, quarta geração da família, que trabalha na casa há 15 anos. Seu pai, Pierre-Emmanuel, recuperou o controle da marca em 2006, depois de ser vendida para os EUA. Aos 40 anos, ela assumiu o posto mais avançado da empresa com o apoio de Damien le Sueur (Gerente Geral) e seu irmão Clovis Taittinger.
O passeio ali começa com um vídeo que conta toda a história da empresa e segue para o labirinto de garrafas a 30 metros de profundidade. Destaque para as paredes, com diversas marcações da época da guerra — os túneis eram usados como refúgio pela população local e para socorrer soldados franceses, que deixaram desenhos impressos ali.
Ao fim do tour de 60 minutos, a prova acontece em uma sala onde estão expostas as garrafas Taittinger Collection Brut Millésimé que a cada ano são estilizadas por um artista. Um deles é o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, cuja obra ilustra a Millésimé 2008.
Entre as novidades, a produção de espumante inglês sob o rótulo Domaine Evremond.
Moët&Chandon: a mais visitada, desde a época de Napoleão .
Pelos corredores escuros e onde a temperatura chega a 10ºC (leve agasalho), você aprende os detalhes da produção da Moët&Chandon e também da Dom Pérignon, ambas do grupo LVMH. Na entrada da casa tem uma estátua linda do monge beneditino francês que viveu entre 1638 e 1715 e inventou o muselet, arame que segura a rolha da garrafa.
Na Moët, não chega a uma hora o tour, que termina com uma prova na cave, em temperatura ambiente, com direito a um espetáculo de som e luzes. Dependendo do pacote, tem mais uma prova, desta vez de Imperial Brut — lançada em 1869, em homenagem aos 100 anos do nascimento de Napoleão Bonaparte. Esta parte, inclusive, acontece na sala onde a família recebia Napoleão, que manteve uma conexão íntima e etílica com a marca.
Antes de cada campanha militar, o militar que se tornou um líder e Imperador visitava a casa Moët&Chandon para estocar as garrafas que o acompanhavam nas viagens. Dessa amizade, a maison recebeu a Legião de Honra da França, a maior ordem de mérito militar e civil que existe no país, pelos serviços prestados em estabelecer a boa reputação francesa como líder mundial de vinhos.
“Nas vitórias é merecido, nas derrotas é necessário”, dizia Napoleão, que estocava champagne antes das batalhas e abria as garrafas com um sabre. O Moët Impérial, nas versões rosé em branca, recebeu esse nome em 1869 em homenagem ao Imperador.
A Moët & Chandon foi fundada por Claude Moët, de uma família tradicional na comercialização de vinhos, em Epernay, em 1743. Em 1962 ela foi a primeira produtora listada na Bolsa de Valores da França.