Aumento se deve a trabalho intenso de vigilância e de incentivo a registro de ocorrências. Apenas em 2024, foram mais de 1,2 mil casos
Entre 2015 e 2024, foram notificados no Distrito Federal cerca de 2,3 mil casos de lesão por esforços repetitivos (LER), também conhecidas como distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (Dorts). Desse total, 55,9% (1.229 ocorrências) são referentes apenas ao ano passado. Em 2023, o número chegou a 700.
Os dados acima são do Informe Epidemiológico em Saúde do Trabalhador, publicado neste ano pela Secretaria de Saúde (SES-DF). Para a gerente do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) do DF, Juliana Moura, o salto de ocorrências pode ser atribuído à intensificação das ações de vigilância. “Temos trabalhado ativamente para incentivar a notificação de casos nas regiões de saúde, resultando em um aumento nos registros”, explica.
De acordo com a gerente, o acréscimo demonstra ainda a necessidade de conscientização sobre esses distúrbios. Com data marcada no calendário, o Dia Mundial de Combate às LER/Dort, lembrado em 28 de fevereiro, busca chamar a atenção para a doença que, de 2011 a 2021, foi responsável pelo afastamento de mais de 600 mil trabalhadores no país.
Perfil socioeconômico
O boletim epidemiológico traça também o perfil socioeconômico dos trabalhadores e os principais diagnósticos de LER/Dort no DF. Do total de notificações, 68,8% dos casos se referem a indivíduos pardos, enquanto 51,8% dos registros são relacionados à dorsalgia (dor nas costas).
Os dados sugerem, segundo Moura, uma maior exposição da população parda a condições laborais que favorecem o desenvolvimento de LER/Dort, como jornadas de trabalho extensas e menor acesso a medidas de prevenção.