No documentário íntimo e arrebatador da Netflix, a trajetória de Tim Bergling — o Avicii — é contada por ele mesmo, com imagens inéditas, depoimentos emocionantes e momentos que revelam a beleza e a brutalidade de ser um astro global aos 20 e poucos anos.
“Sou Tim.”
É com essa simplicidade desarmante que Tim Bergling se define no início de Avicii: Sou Tim, documentário recém-lançado pela Netflix que mergulha fundo na vida, na genialidade e nos fantasmas do DJ sueco que conquistou o planeta.
A produção, dirigida por Henrik Burman, tem uma hora e meia de memórias intensas — da infância em Estocolmo às batidas que mudaram o rumo da música eletrônica, passando pelas dores silenciosas da fama, do vício e da solidão. Narrado pelo próprio Tim em off, o filme costura cenas inéditas com depoimentos de pais, amigos, colegas e profissionais da indústria musical.
Mais que um tributo, é um grito humano em meio aos holofotes.
A seguir, destacamos 5 revelações essenciais do documentário “Avicii: Sou Tim” — cada uma delas uma peça do quebra-cabeça de um gênio atormentado.
1. A infância de um menino inseguro, engraçado e invisível

Antes de ser Avicii, Tim era apenas o “palhaço da turma” em Estocolmo, uma criança que fazia piadas para ser notada — e nem sempre era.
“Até os 19 anos, minha vida aconteceu entre cinco blocos de prédios”, conta no documentário.
Ele não tinha muitos amigos e descobriu, ainda jovem, que seu jeito não agradava.
“Comecei a ser simpático com todo mundo”, diz, em um dos trechos mais tocantes.
Apesar das inseguranças, teve pais presentes e encorajadores. “Nunca precisei ter medo de nada”, confessa.
2. Do quarto escuro ao topo do mundo: a ascensão de um prodígio introvertido
Tim conheceu a música ainda menino, mas foi na adolescência que ela virou obsessão.
Ao lado do amigo Filip “Philgood” Åkesson, ele começou a matar aula para produzir batidas no quarto.
Em 2008, nascia Avicii — nome tirado de um dos níveis do inferno budista, já que seu nome real estava ocupado no MySpace.
A virada aconteceu quando conheceu o empresário Arash “Ash” Pournouri:
“Se você me deixar ajudá-lo, vou fazer de você um dos maiores DJs do mundo”, prometeu.
Cumpriu. E juntos, fizeram história — até a separação em 2016.
3. A negociação “duvidosa” por Levels, o hino que eternizou Avicii

Foi com Levels, lançada em 2011, que Avicii atingiu o estrelato.
A batida explosiva, combinada à voz de Etta James, virou um marco do EDM.
Mas os bastidores revelam uma negociação controversa.
Pournouri afirmou que a concorrente Virgin ofereceu €500 mil pela faixa — valor que nunca foi realmente proposto.
A Universal pagou, e logo recuperou o investimento.
Em poucas semanas, a música dominava pistas, rádios e rankings.
Avicii era, oficialmente, o DJ mais influente do planeta.
4. O show “desastroso” que quase arruinou sua carreira — e acabou relançando-a

Em 2013, no Ultra Music Festival de Miami, Avicii ousou demais ao misturar country e eletrônico com Aloe Blacc e Dan Tyminski.
O público vaiou. A crítica detonou.
Tim ficou devastado.
Mas o empresário usou o momento a favor: postou o show completo no Soundcloud, com as piores críticas.
As faixas viralizaram. A opinião virou.
Pouco depois, Wake Me Up e Hey Brother estavam no topo das paradas de 16 países.
Até Barack Obama o citou em discurso.
5. A batalha solitária contra álcool, opioides e uma ansiedade que nunca ia embora

O ápice do sucesso trouxe consigo um colapso interno.
Tim vivia ansioso. Tomava álcool para se anestesiar antes dos shows.
Mais tarde, recorreu a opioides. Desenvolveu pancreatite. Tinha acessos de raiva, crises de angústia.
“Eu era mais feliz antes da fama”, desabafa no documentário.
Mesmo com milhões na conta, não encontrava paz.
Seus pais e equipe organizaram uma intervenção. Tim entrou em reabilitação. Parou de se apresentar ao vivo. Voltou para a família. Meditou. Compôs músicas mais íntimas para um álbum que se chamaria Tim.
Mas não viveu para vê-lo lançado.
Em 20 de abril de 2018, aos 28 anos, Avicii tirou a própria vida em Omã.
Seu álbum póstumo foi lançado em 2019.
“Quero fazer música eterna”, dizia.
E conseguiu.
Mas Avicii: Sou Tim mostra que, por trás dos beats que embalaram multidões, havia um homem que só queria respirar em paz.