Atleta brasileiro do Ironman tem vida transformada após diagnóstico de diabetes

“A diabetes mudou a minha vida, trouxe bons hábitos, só me fez mais forte”, afirma triatleta · Ironman será realizado em Kona, no Havaí, em 08 de outubro

Foi durante o percurso entre a Universidade Federal do ABC, em Santo André, e a cidade de Santos, em 2009, que Alexandre Paiva, na época com 19 anos, desconfiou que havia algo de errado com a sua saúde. Na ocasião, pediu para que o motorista da van parasse diversas vezes para que pudesse urinar. Em casa, sinalizou um certo cansaço aos pais, pois na noite anterior teria levantado algumas vezes para ir ao banheiro e beber água (em quantidade acima do habitual).

No dia seguinte, foi ao hospital e recebeu orientação médica para iniciar acompanhamento com um endocrinologista tendo em vista o nível de glicose (açúcar) identificado no exame de sangue (650mg/dl), bem superior ao valor normal de até 99mg/dl em jejum.

Na sequência, o diagnóstico de diabetes foi inevitável.

“Buscar inspiração para lidar com a doença foi um processo, não foi de uma hora para outra.  Fui atrás de pessoas que pudessem me dar informações confiáveis sobre o controle da glicemia. Minha médica me passou orientações bem claras, muito importante para o meu amadurecimento”, revela Alexandre Paiva, atleta de alta performance do Instituto Correndo pelo Diabetes (ICPD).

 A seguir, o atleta revela o início da sua trajetória no Triathlon e as expectativas em relação à participação em uma das mais importantes competições esportivas do mundo – o Ironman, que irá acontecer em Kona, no Havaí, no dia 08 de outubro.

História no  Thiathlon

Adotei uma rotina de acordar às 4h30 da manhã, criei um horário que me permitisse treinar mais cedo e, também, logo depois de sair do trabalho, porque são três esportes que você precisa treinar, além do Pilates. A disciplina em relação aos treinos foi fundamental no processo.

Iniciei no Triathlon em 2017, numa distância sprint (percurso reduzido) com 750m de natação, 20 km de bicicleta e 5 km de corrida. Depois disso, comecei a treinar com um pouco mais de energia e dedicar mais tempo aos treinos.

 Em 2018 participei do Campeonato Santista de Triathon, na mesma distância sprint e, em seguida, realizei a primeira prova na distância Olímpico, com 1,5 km de natação, 40 km de bicicleta e 10 km de corrida. No ano seguinte, decidi fazer um treino específico para o Ironman e fui o 5º colocado na competição, numa distância de 3,8 km de natação, 180 km de bicicleta e 42 km de corrida, conquistando meu primeiro título expressivo no Ironman Brasil, em Florianópolis.  

 Em outubro de 2021 fui vice-campeão no Ultra Triathlon no percurso entre Paraty e Ubatuba, primeiro brasileiro e segundo no mundo atleta com Diabetes Tipo 1 (sugestão, achei que ficou genérico sem esta frase) a cumprir a prova, o que me rendeu o título atleta do ano pela SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes).

Expectativa em relação ao Ironman no Havaí

A expectativa é de fazer uma boa prova. Nas competições de 2019 e 2022, em Florianópolis, as condições climáticas eram diferentes.

Acredito que em Kona a temperatura esteja mais elevada, com vento mais forte. A meta é buscar o meu melhor tempo, que hoje é 8 horas e 55 minutos. Estou treinando para conquistar a minha terceira distância do Ironman, o sub-9.

Superação

 Cheguei ao Ironman no Havaí com muita dedicação e disciplina.  Sou coordenador da área de Logística numa multinacional e vim crescendo junto com o esporte desde 2017. Fui promovido a supervisor na empresa em 2019, logo após meu primeiro Ironman. Em 2022, ano de nova competição do Ironman, fui novamente promovido. Isso mostra o quão importante é o esporte. Pratico algumas características de um perfil de liderança, de uma pessoa que sempre busca alta performance, não só no esporte, mas também na profissão.

’Não sei se me considero um modelo de superação, mas, com certeza, com a minha história, busco inspirar outras pessoas. Quando você busca, acredita e coloca a energia em algo que você quer, não importa se tem ou não diabetes, você consegue. O diabetes mudou a minha vida, trouxe bons hábitos, só me fez mais forte, afirma o triatleta.

Sobre o Instituto Correndo pelo Diabetes

O Instituto Correndo pelo Diabetes (CPD) é uma organização sem fins lucrativos, que tem como objetivo promover a saúde integral e qualidade de vida das pessoas com diabetes e outras doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), por meio do exercício físico, inclusão e garantia de direitos.