Retração foi puxada principalmente por Motos, Veículos e Peças
São Paulo, 26 de setembro de 2025 – As vendas no varejo físico brasileiro sofreram uma queda de 1,5% em agosto de 2025, com relação ao mês anterior. Apesar de uma data comemorativa, o movimento gerado pelo Dia dos Pais foi insuficiente para evitar a retração no mês, especialmente diante do desempenho negativo de setores de peso, como Motos, Veículos e Peças, que caíram 6,4%. Os dados são do Indicador de Atividade do Comércio da Serasa Experian, primeira e maior datatech do país, que analisa o movimento do segmento pelo volume de consultas ao crédito.
A economista da Serasa Experian, Camila Abdelmalack, analisa que “a redução é um reflexo dos juros elevados, principalmente em segmentos cujos valores de compra são mais elevados e dependem de financiamento – como os veículos. A recente melhora nos preços dos alimentos, aliada à resiliência do mercado de trabalho — com crescimento da renda real — contribuiu para a sustentação do consumo básico. Esse cenário favoreceu o desempenho do setor de Supermercados, Hipermercados, Alimentos e Bebidas com avanço de 0,2% em agosto”. Veja a variação mensal do indicador no gráfico abaixo:


Comparativo entre 2024 e 2025 desacelera e tem menor alta do ano
Apesar do crescimento de 2,1% na comparação entre agosto de 2025 e o mesmo mês do ano anterior, os dados apontam para uma perda de dinamismo no varejo, em meio a um cenário de consumo mais cauteloso. Essa foi a menor variação interanual registrada em 2025, que chegou a atingir 5,3% nos primeiros meses do ano.
A alta foi impulsionada principalmente pela categoria de “Móveis, Eletrodomésticos, Eletroeletrônicos e Informática” (5,3%), a maior registrada pelo setor desde abril de 2024, na análise de variação anual. Apareceram na sequência “Tecidos, Vestuário, Calçados e Acessórios” (5,0%) e “Supermercados, Hipermercados, Alimentos e Bebidas” (3,3%). “Combustíveis e Lubrificantes” (2,1%) e “Materiais de Construção” (2,0%) tiveram variações positivas, enquanto “Veículos, Motos e Peças registraram retração” (-4,3%).
A economista da datatech comenta ainda que “essa desaceleração deve se manter ao longo do segundo semestre, reflexo da maior cautela dos consumidores nas compras a prazo diante de juros elevados e pressão sobre o orçamento das famílias, afetando principalmente os setores mais sensíveis ao crédito”. Confira abaixo o gráfico:

Metodologia
O Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio é construído, exclusivamente, pelo volume de consultas mensais realizadas por cerca de 6.000 estabelecimentos comerciais à base de dados da Serasa Experian. As consultas são tratadas estatisticamente pelo método das médias aparadas, com corte de 20% nas extremidades superiores e inferiores das taxas mensais de crescimento, relativas a cada estabelecimento comercial dentro de cada um dos seis segmentos varejistas pesquisados. Para a formação da série agregada do Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio, as taxas de crescimento resultantes de cada segmento varejista são ponderadas pelo peso relativo de cada um deles na Pesquisa Mensal de Comércio – Varejo Ampliado, do IBGE, respeitando-se as suas revisões metodológicas.