Após ruas cheias no 7 de setembro, político americano apresenta ao Senado dos EUA proposta por respeito a urnas no Brasil

Em meio às tensões após a sequência de manifestações de caráter golpista do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (PL), o senador americano Bernie Sanders apresentou nesta quarta-feira (7) uma proposta ao Senado dos Estados Unidos para que o governo do democrata Joe Biden reconheça automaticamente o resultado das eleições de outubro no Brasil e suspenda relações em caso de golpe.

A proposta é pela votação de um “Sense of Senate”, que define uma espécie de opinião formal da Casa sobre assuntos de interesse nacional. Caso aprovada, a resolução definirá que a opinião do Senado é a de que deve ser empossado como presidente do Brasil quem quer que vença o pleito.

O instrumento não tem força de lei nem obrigaria o Executivo a adotar a mesma posição. A proposta precisa ser aprovada pela maioria simples dos parlamentares presentes na sessão de votação, e ainda não há previsão para que ela seja colocada em pauta.

Assinam ainda a moção os senadores Elizabeth Warren, Tim Kaine, Richard Blumenthal, Patrick Leahy e Jeff Merkley. Proposta similar ainda foi protocolada na Câmara pela deputada Sara Jacobs (Califórnia).

Apesar de apresentadas neste 7 de Setembro, dia em que Bolsonaro usou eventos do Bicentenário da Independência para fazer campanha e repetir ameaças, as propostas não estão diretamente ligadas aos eventos desta quarta. Bernie já tinha anunciado em agosto a intenção de sugerir a moção assim que o Senado voltasse do recesso de verão, o que ocorreu nesta terça (6).

O texto, porém, faz referência à Independência ao lembrar que os EUA foram o primeiro país a reconhecer a separação do Brasil de Portugal, em 1822. A proposta é a de que Washington “reveja e reconsidere o relacionamento com qualquer governo que chegue ao poder por meios não democráticos, incluindo um golpe militar”.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo no fim do mês passado, Bernie evitou fazer críticas diretas ao presidente brasileiro, mas afirmou que “se o resultado [da eleição] se desdobrar em algo ilegal, se houver um golpe militar que coloque no lugar um governo ilegal, os EUA têm que deixar isso muito claro: o Brasil não terá apoio, financeiro ou de qualquer outro modo”.