Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar – PeNSE – ouviu alunos do 9º ano da rede pública e privada. Estudo aponta ainda que adolescentes de escolas particulares têm mais informações sobre aquisição gratuita de preservativos.
Em 10 anos, estudantes com idade entre 13 e 15 anos, reduziram o uso de preservativos e viram aumentar os casos de gravidez precoce no Distrito Federal. O alerta faz parte da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar – PeNSE.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), comparou dados de 2009 com 2019, a partir de entrevistas feitas com estudantes do atual 9º ano do Ensino Fundamental, antiga 8ª série. Em relação à “camisinha”, os pesquisadores apontam que “houve queda progressiva ao longo dos anos”, tanto entre alunos da rede pública como das escolas privadas.
Conforme os dados, a diferença é que os adolescentes das escolas particulares do DF têm mais informações sobre a distribuição gratuita de preservativos do que os da rede pública de ensino. Em 2009, 59% sabiam onde buscar preservativos; em 2019, eram 73%.
Veja alguns números no DF:
- Em 2009, 68,5% dos meninos entrevistados disseram ter usado preservativo na última relação sexual
- Em 2019, apenas 55,9% dos meninos afirmaram ter usado preservativo na última relação sexual
- Entre aqueles que tiveram relação sexual e engravidaram, houve o triplo de casos entre 2015 (4%) e 2019 (12,3%)
No país, segundo os dados divulgados, apenas 59% dos jovens entrevistados na edição de 2019 do levantamento “PeNSE” disseram ter usado camisinha na última relação sexual. Em 2009, esse percentual chegava a 72,5% .
Sobre orientação sexual na escola, para prevenir a gravidez, a pesquisa mostra que houve aumento no acesso às informações entre os estudantes do 9º ano da rede privada de Brasília. Em 2009, 76,9% dos ouvidos disseram ter informações, já em 2019, o percentual passou para 91,7%.
Também aumentou o conhecimento sobre HIV/AIDS e outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) nos colégios privados. Em 2009, 87,3% se diziam bem informados, e em 2019, o índice subiu para 94%.
Segundo o IBGE, a PeNSE 2019 mostra ainda que houve uma “pequena queda” na quantidade de estudantes da rede privada do 9º ano do Ensino Fundamental do Distrito Federal que tiveram relação sexual alguma vez. Eram 17,2% em 2009, e 12,3 em 2019.
“Quando levado em consideração aqueles que tiveram alguma relação sexual com menos de 13 anos a queda é ainda mais expressiva, sendo uma diferença de 15,4 pontos percentuais entre 2009 (32,8) e 2019 (17,4). No entanto, o contrário foi observado nas escolas públicas, onde houve um aumento de 6 pontos percentuais entre 2009 (26,4) e 2019 (32,5)”, diz o IBGE.
Já quando se analisa os dados daqueles que tiveram sua primeira relação sexual com 13 anos ou menos, a pesquisa revela uma queda de 8,8 pontos percentuais entre as meninas, e de 12,5 pontos percentuais entre os estudantes de escolas privadas, na comparação entre 2009 e 2019. “Mas não houve variação significativa entre os meninos e os estudantes da rede pública”, aponta o levantamento.
Álcool e drogas
Em Brasília a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar mostra ainda que aumentou o uso de drogas entre as meninas – superando o percentual de meninos que utilizaram entorpecentes “alguma vez”, em 2009. Entre os que usaram drogas, 54% experimentaram com 13 anos de idade ou menos, em 2019, com percentual maior para as escolas privadas (63,9%) que as públicas (52,1%).
A experimentação de bebidas alcoólicas também aumentou entre os estudantes. Segundo a PeNSE, em 2012, no Distrito Federal, eram 53,7%, já em 2019, o índice atingiu 62,1% dos entrevistados, chegando a 59,8% entre os meninos e 64,5% entre as meninas.
Os estudantes da rede pública (65,7%) tiveram predomínio em relação aos da rede privada (51,2%).
O consumo de bebida alcoólica foi avaliado pela ingestão de, ao menos, uma dose nos 30 dias anteriores à realização da pesquisa. Na PeNSE 2019, esse indicador foi de 26,6% para os alunos do 9º ano em Brasília, sendo mais prevalente entre as meninas (30,7%) e as escolas públicas (29,0%).
“Quanto a embriaguez, 46% dos entrevistados contaram ter sofrido algum episódio na vida, sendo mais prevalente entre as meninas (50,2%) e entre os alunos das escolas públicas (49,6%)”, diz o IBGE.
Conforme o levantamento, 36% dos estudantes do 9º ano relataram ter consumido quatro ou mais doses de bebida alcoólica em um mesmo dia, enquanto 28,5% relataram cinco ou mais doses, considerado consumo abusivo de álcool pela pesquisa.
Em 2019, 38,5% dos alunos de Brasília afirmaram possuir amigos que consumiram bebida alcoólica na sua presença. Para as meninas, esse percentual foi de 43,5%, maior do que o índice entre os meninos (33,6%).
O consumo foi mais relatado entre os alunos da rede pública: 41,2%, contra 30,5% das respostas dadas na rede privada de ensino.
Ao falar do uso de álcool nas famílias, 61,3% responderam que ao menos um dos pais consumia bebidas. Os adolescentes da rede privada (70,2%) referiram um maior percentual do que os da rede pública (58,4%).