Conheça um pouco da visão da educação para o futuro e o que pode mudar nos próximos anos
Despontada no final dos anos 1950, a revolução tecnológica vem modificando diversas esferas da sociedade e da própria vida humana. Invenções como o computador pessoal e os microchips são tão integradas ao cotidiano atual que até existe uma dificuldade para visualizar como se vivia sem tais elementos.
Nesse cenário, depois de décadas de inovações digitais que geraram inúmeras transformações, como explicar que o sistema educacional ainda não mudou radicalmente?
O ambiente “figital”
Vivemos em uma sociedade em transição: não do físico para o digital, mas do físico para o próprio físico – aumentado, habilitado e estendido pelo digital, ambos articulados pelo social em tempo quase real, ou seja, o tempo das pessoas, e não o de sistemas.
O “figital”, portanto, é um ambiente híbrido em que o mundo real e virtual se unem para favorecer as interações, utilizando os melhores avanços do espaço digital para incrementar as relações sociais – que, ao fim e ao cabo, acontecem no espaço físico.
Burocracia do aprendizado
E, nesse novo ambiente, uma sugestão para resolver sistemas extremamente complexos, intrinsecamente sociais e de grande porte – como a educação – é a redução da burocracia. É possível encolher os sistemas e esconder as complexidades necessárias. Há sistemas que são necessariamente complexos em partes das suas estruturas e processos.
Da forma como está colocada atualmente, porém, a burocracia estimula que se crie um processo mais complexo e menos simples. Em uma burocracia, é sempre mais fácil a gente criar um novo problema do que resolver um que já existe. Burocracias são naturalmente assim e a educação é a burocracia do aprendizado.
As três rupturas para a educação do futuro
Hoje há pelo menos três rupturas no campo educacional que vão acontecer nos próximos anos, por meio das quais a educação pode ser transformada.
A primeira delas está no campo da formação. Serão os cursos de graduação que vão ser impactados, principalmente na forma em que estão estruturados.
Essa mudança tem um caráter disruptivo inclusive na maneira como os profissionais serão formados. O futuro vai demandar um desenvolvimento de competências e habilidades que tornem as pessoas capazes de navegar por diferentes ambientes em rede e “figitais”.
A segunda ruptura destacada por ele é o processo de transição do físico para o dito “figital”. Essa mudança deve ocorrer simplesmente porque o mundo ao nosso redor é ‘figital e não vai ter volta. Por mais físicos que sejamos nós aqui, hoje, [estamos] num ambiente físico que não é bem físico [porque] ele se prolongará digital e socialmente por semanas, meses, talvez anos.
Por fim, há uma ruptura voltada para o modelo de negócios na educação. O atual sistema educacional é antieconômico. Ele é insustentável em qualquer sociedade, inclusive nas sociedades mais ricas. Se o objetivo é universalizar e garantir oportunidades de aprendizado reais, haverá a necessidade de alterar o modelo de alto para baixo custo.
O futuro nas relações sociais
Ao olhar para o futuro, a educação oferece uma promoção, dentro de ambientes escolares, de relações afetivas e cognitivas. Em outras palavras, um esforço para nutrir uma inteligência social entre os diferentes atores da comunidade escolar.
O que se destaca aqui é a experiência – no sentido de vivências – como um papel muito relevante para a educação do futuro. E, nesse contexto, a tecnologia exerce papel importante, mas não central.
As transformações digitais acontecerão, no entanto, sendo sustentadas por novas práticas culturais e novas formas de relacionamentos. Estas, sim, sendo apoiadas pela tecnologia.
A transformação digital, por exemplo, depende de começar a fazer perguntas diferentes.
É comum que, quando se pensa no processo educacional, as perguntas girem em torno de como as tecnologias digitais podem melhorar o desempenho dos educadores, quando o ideal é inverter essa lógica e questionar como ajudar educadores a alcançarem seus propósitos de inovação usando, inclusive, tecnologias digitais.
A transformação digital não é a aquisição e não depende necessariamente da instalação de um regime tecnológico, mas sim de uma construção cultural.