Boletim de Estatísticas Fiscais revela que o setor público teve superávit de R$ 32,4 bilhões, mas mantém tendência de endividamento elevada
A dívida bruta do governo brasileiro voltou a atingir 78,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em outubro de 2025, totalizando R$ 9,9 trilhões, conforme aponta o Boletim de Estatísticas Fiscais divulgado pelo Banco Central nesta sexta-feira (28/11). O percentual é o mesmo registrado em outubro de 2024, indicando estabilidade, mas em um patamar elevado.
Apesar do número positivo no resultado primário — um superávit de R$ 32,4 bilhões no mês — o acúmulo da dívida reflete o impacto dos juros nominais e a variação negativa do PIB nominal. Desde o início do ano, a dívida bruta do governo geral (DBGG) subiu 2,1 pontos percentuais, mantendo-se em um dos maiores níveis da série histórica.
Superávit não impede alta da dívida
O setor público consolidado — que engloba governo federal, estaduais, municipais e estatais — apresentou superávit primário (receitas menos despesas, sem contar juros da dívida) de R$ 32,4 bilhões. O resultado é inferior aos R$ 36,9 bilhões registrados em outubro de 2024, mas ainda positivo.
- Governo central: superávit de R$ 36,2 bilhões
- Governos regionais: déficit de R$ 3,6 bilhões
- Estatais: déficit de R$ 149 milhões
No acumulado dos últimos 12 meses, o setor público consolidado soma déficit primário de R$ 37,7 bilhões, equivalente a 0,30% do PIB.
Dívida líquida também cresce
Outro indicador de alerta é a dívida líquida do setor público (DLSP), que chegou a 65% do PIB (R$ 8,1 trilhões) em outubro — um crescimento de 0,2 ponto percentual no mês. Desde o início do ano, a DLSP aumentou 3,5 pontos percentuais.
Segundo o BC, o crescimento da dívida líquida foi influenciado por:
- Juros nominais apropriados
- Superávit primário
- Desvalorização cambial
- Demais ajustes da dívida externa líquida
- Queda no PIB nominal
Entenda os conceitos
- Dívida bruta: total das obrigações financeiras do governo, sem descontar ativos.
- Dívida líquida: dívida bruta subtraída dos ativos financeiros (reservas e aplicações).
O dado reforça o desafio do governo em controlar o endividamento público diante do atual cenário econômico, marcado por juros elevados e baixo crescimento econômico.