Ex-advogado de Eduardo Cunha e absolvido em caso anterior, Magro é investigado por esquema de sonegação e lavagem de dinheiro; sua empresa lidera ranking de devedores em SP com R$ 8,1 bilhões
São Paulo — Ricardo Magro, empresário de perfil discreto, mas histórico controverso, voltou a ser alvo das autoridades brasileiras. Nesta sexta-feira (13/12), a Polícia Civil de São Paulo deflagrou uma operação que mira um suposto esquema de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro envolvendo o controlador da refinaria Refit (antiga Manguinhos).
Magro, que atualmente vive em Miami, nos Estados Unidos, nega todas as acusações. Mas as investigações apontam para a utilização de uma teia de empresas — incluindo a Fera Lubrificantes, registrada em nome de familiares — para driblar o pagamento de ICMS, importar combustível mais barato e blindar o patrimônio de confiscos judiciais.
Investigado, preso e absolvido: a trajetória de Ricardo Magro
Com passagem pelo Direito, Ricardo Magro já foi advogado do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. Em 2016, foi preso acusado de desvios em fundos de pensão — caso no qual acabou absolvido. Também foi investigado por um suposto esquema de corrupção na ANP (Agência Nacional do Petróleo), que teria envolvido pagamento mensal de propina para proteger seus negócios no setor de combustíveis. A denúncia foi posteriormente arquivada.
Apesar dos reveses judiciais anteriores, o empresário mantém seu nome ligado à Refit, que, segundo a Procuradoria-Geral do Estado (PGE), lidera a lista de maiores devedores de São Paulo, acumulando uma dívida de R$ 8,1 bilhões.
A nova operação
A operação policial de hoje ocorreu em seis endereços da capital paulista e da Região Metropolitana (Guarulhos e Arujá). A ação teve como ponto de partida a análise de transações feitas por um posto de gasolina na zona leste de São Paulo, investigado por envolvimento com lavagem de dinheiro do crime organizado. A partir dessa ponta, surgiram ligações com empresas ligadas a Magro.
De acordo com os investigadores, a Refit estaria envolvida em um esquema de triangulação fiscal: trazendo combustíveis de outros estados para evitar o pagamento do ICMS paulista — o que caracteriza sonegação.
O que diz Ricardo Magro
Em nota oficial, o empresário afirma que a operação é motivada por interesses comerciais de concorrentes e nega qualquer irregularidade:
“Não há sonegação e todos os fatos serão esclarecidos na Justiça. […] É de se estranhar também os interesses comerciais de concorrentes que agora dizem abastecer investigações supostamente isentas.”
Magro também questiona a seletividade da operação:
“Há uma clara campanha difamatória, citando casos nos quais já fui absolvido ou que foram arquivados.”
Impacto no setor de combustíveis
As investigações envolvendo Magro voltam a acender o alerta sobre as práticas fiscais no mercado de combustíveis, setor historicamente afetado por guerra tributária entre estados, lavagem de dinheiro e atuação de empresas de fachada. Com a Refit no topo da lista de devedores, o caso de Ricardo Magro representa mais do que um escândalo individual: é um retrato do desafio crônico da fiscalização no setor energético brasileiro.