Levantamento de 15 de outubro aponta avanço “recorde” por ordens executivas e mudanças regulatórias. Retirada do Acordo de Paris e fim das “áreas protegidas” em ações migratórias ilustram a virada.
O governo Donald Trump completou, entre 20 de janeiro e 30 de setembro de 2025, um avanço inédito na implementação do chamado Projeto 2025 — pacote de diretrizes ultraconservadoras coordenado pela Heritage Foundation e reunido no manual Mandate for Leadership (900+ páginas). Um tracker do Center for Progressive Reform (CPR) indica que 47% das propostas de política doméstica foram iniciadas ou concluídas no período. Trata-se de uma métrica independente (crítica à agenda), mas com documentação pública e atualização em 15 de outubro de 2025.
Entre os exemplos mais emblemáticos, está a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris, determinada já no dia 20 de janeiro, por ordem executiva publicada no site da Casa Branca e confirmada por notas técnicas do Congresso e pela imprensa internacional. A notificação à ONU foi encaminhada na sequência. A guinada climática é um eixo central do Projeto 2025.
No campo migratório, o Departamento de Segurança Interna (DHS) revogou, em janeiro, a orientação que restringia operações do ICE em escolas, igrejas e hospitais — as chamadas “áreas protegidas” —, ampliando o espaço de atuação sem salvaguardas específicas. Organizações do setor e o próprio DHS registraram a mudança, que dialoga com diretrizes do Projeto 2025 para endurecer a execução.
O que é o Projeto 2025
Concebido para recentralizar poder no Executivo e reposicionar políticas públicas (imigração, clima, direitos civis, administração federal), o plano agrega contribuições de centenas de lideranças conservadoras sob coordenação da Heritage. O manual Mandate for Leadership serve de roteiro para nomeações, reorganização de agências e mudanças normativas.
Velocidade e método
Segundo o CPR, a estratégia passa por ordens executivas, memorandos e reinterpretações regulatórias para evitar o Congresso quando possível — tática prevista pelos arquitetos do plano. O monitor também destaca a influência de nomes ligados ao Projeto em postos-chave, como Russell Vought no Escritório de Gestão e Orçamento (OMB). Críticos veem nisso um processo de erosão de freios e contrapesos.
Por que importa
- Clima: a nova retirada do Acordo de Paris reposiciona os EUA nas negociações globais e afeta previsibilidade regulatória para setores de energia e indústria. Congresso.gov
- Imigração: o fim das “áreas protegidas” amplia o poder discricionário de agentes e pode aumentar prisões em espaços sensíveis, segundo entidades da área. NILC
- Governança: a execução acelerada por atos unilaterais materializa a ambição do Projeto 2025 de reconfigurar o Estado por dentro.
O contraponto
A Casa Branca costuma defender as medidas como correções de rota que devolvem “eficiência, segurança e soberania” ao país. Já analistas e grupos civis alertam para risco democrático e impactos ambientais e sociais duradouros. O índice de 47% é estimativa de um think tank progressista e não métrica oficial do governo, mas tem lastro em atos públicos e registros administrativos.
Próximos passos
Observadores esperam novas ações por ordem executiva e regulação infralegal até o fim de 2025, especialmente em agências ambientais, educação e direitos civis, seguindo a cartilha do Mandate for Leadership.
Edição: O Brasiliense.