Trump chama Petro de “líder do tráfico” e anuncia fim de ajuda à Colômbia

Presidente americano também ameaça intervir militarmente; Petro reage com acusações de assassinato por ataque de barco em águas colombianas

Washington / Bogotá — A crise entre Estados Unidos e Colômbia atingiu um novo patamar de tensão neste domingo (19/10), após o presidente americano Donald Trump declarar que cessará todos os subsídios e pagamentos ao governo colombiano e acusar o presidente Gustavo Petro de ser um “líder do tráfico ilegal de drogas”.

Petro incentiva fortemente a produção em massa de drogas por toda a Colômbia. Ele não faz nada para impedir, apesar dos subsídios em larga escala dos EUA, que são um roubo a longo prazo da América”, escreveu Trump em seu perfil no Truth Social.

Na mesma publicação, Trump afirmou que os subsídios norte-americanos à Colômbia estão encerrados imediatamente e foi além:

Ou Petro fecha os campos de extermínio imediatamente, ou os Estados Unidos o farão por ele — e isso não será feito de forma agradável.


Petro reage e acusa os EUA de assassinato

A retaliação verbal de Trump veio após uma acusação direta feita por Gustavo Petro. O presidente colombiano afirmou que os Estados Unidos cometeram “assassinato” ao bombardear um barco em águas colombianas durante uma ação militar conduzida por tropas americanas em setembro. A operação teria resultado na morte de um pescador civil, supostamente confundido com traficantes.

Petro classificou a ação como uma violação da soberania marítima colombiana e prometeu acionar tribunais internacionais.

Funcionários do governo norte-americano mataram um inocente em nosso território. Isso é inaceitável.


Nova ofensiva militar: EUA atacam barco próximo à Venezuela

No mesmo dia, o secretário de Guerra dos EUA, Pete Hegseth, confirmou outro ataque, desta vez contra uma embarcação nas águas próximas à Venezuela, onde três pessoas foram mortas. Segundo ele, o barco era ligado ao Exército de Libertação Nacional (ELN) — grupo classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos.

Esses cartéis são a Al-Qaeda do Hemisfério Ocidental. Serão tratados como os terroristas que são. Serão caçados e mortos”, disse Hegseth em publicação na rede X.

O secretário ressaltou que nenhum militar americano foi ferido na operação e classificou o ataque como legítima defesa preventiva no contexto do “combate ao narcoterrorismo”.


A escalada: da diplomacia à retórica de guerra

As tensões entre os dois países vêm se intensificando desde que Trump retornou à presidência. No mês passado, os EUA revogaram o visto diplomático de Petro após sua participação em uma manifestação pró-Palestina em Nova York, onde o colombiano instou soldados americanos a desobedecer ordens de Trump.

Agora, com a retórica abertamente beligerante e a mobilização de forças navais e submarinos com mais de 4 mil fuzileiros posicionados próximos à costa da Venezuela, analistas consideram que a América Latina vive o momento mais delicado com Washington desde a Guerra Fria.


Colômbia e Venezuela no radar do Pentágono

O governo Trump sustenta que tanto a Colômbia de Petro quanto a Venezuela de Nicolás Maduro são hoje centros de atuação de cartéis internacionais de drogas, com o Cartel de los Soles, supostamente liderado por militares venezuelanos, como alvo direto.

A retórica do governo americano afirma que os envolvidos serão tratados como “combatentes ilegais”, justificando, segundo Washington, ações militares unilaterais fora do território americano.

Essas ações têm respaldo na nova diretriz presidencial de combate transnacional ao narcotráfico”, afirmou um alto funcionário do Departamento de Defesa sob anonimato à imprensa americana.