SPFW N60: Exposição Moda e território

Moda e Território: a Bioeconomia Brasileira em Movimento nasce da continuidade de uma trajetória pioneira. Em 2006, Instituto-E e São Paulo Fashion Week formaram a parceria que deu vida à primeira exposição de moda sustentável no Brasil, um marco que lançou o tema da moda consciente no calendário nacional e abriu caminho para um novo capítulo na relação entre moda, meio ambiente e sociedade. 

Criado por Oskar Metsavaht – Embaixador da UNESCO para Sustentabilidade e da ONU para a Década do Oceano – o Instituto-E tornou-se uma plataforma de referência por integrar ciência, design e cultura em torno de conceitos e práticas de desenvolvimento sustentável, dentro e fora do segmento da moda, estabelecendo parcerias e projetos com instituições como a UNESCO, o Ministério do Meio Ambiente da Itália, a Câmara de Comércio Britânica da Itália (BCCI), Ethical Fashion Initiative da ONU, WWF, entre outras. A Osklen, marca concebida por Metsavaht, consolidou-se como símbolo dessa visão, tanto no Brasil como internacionalmente, levando adiante o conceito ASAP – As Sustainable As Possible, As Soon As Possible, que traduz urgência e compromisso com atitudes cada vez mais sustentáveis. 

Em 2025, essa aliança se renova e se expande. Com curadoria de matérias primas, têxteis e projetos sustentáveis por Oskar Metsavaht e de designers convidados por Paulo Borges, a exposição conta tanto com peças inéditas desenvolvidas especialmente para o evento, com criações dos acervos dos designers participantes. Nomes como Alexandre Herchcovitch, Aluf, Angela Brito, Amir Slama, Apt 03, Catarina Mina, Day Molina, Flávia Aranha, Gustavo Silvestre, João Pimenta, Leandro Castro, Lino Vilaventura, Marcelo Sommer, Mauricio Duarte, Normando, Osklen, P Andrade, Reptilia e Ronaldo Fraga enriquecem o enredo desta exposição que ilustra o potencial criativo brasileiro assim como a força da biodiversidade e da bioeconomia nacional. 

“O futuro do Brasil está na nossa biodiversidade e na nossa criatividade. Nós temos uma indústria vigorosa, centros de pesquisa e acadêmicos de primeira, conhecimentos ancestrais e solo férteis, o que precisamos é realmente unir segmentos da economia e de pesquisa, junto com projetos de estado, que percebam o Brasil como esse grande potencial de bioeconomia. Está na hora de agir, reconhecer quem tem práticas genuínas de desenvolvimento sustentável e junto com instituições de pesquisa e fomento, transformar tais práticas com escala e vitalidade para construir um futuro brilhante” .” – Oskar Metsavaht 

Moda e Território também contará com as participações especiais da estilista Flávia Aranha, reconhecida por seu trabalho pautado no diálogo com comunidades tradicionais, que além de expor peças inéditas, contribuirá com suas pesquisas relacionadas a matérias-primas e tingimentos naturais, e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que representa o olhar da academia, apresentando os avanços mais recentes em desenvolvimento de fibras oriundas dos biomas brasileiros. 

Este ecossistema, formado pelos times do SPFW e Instituto-E,dá forma a uma narrativa ampla, que conecta experimentação, tradição e futuro, evidenciando como os conceitos e práticas abordados em 2006 reverberar na indústria brasileira e foram desdobrados, trazendo ainda mais força para o lugar de uma moda conectada ao território, à ancestralidade e à consciência socioambiental. 

“A exposição vem para reafirmar a moda como ferramenta de transformação cultural e social, celebrando o impacto e a reverberação dos conceitos apresentados em 2006 por Instituto-E e SPFW, que agora celebram 30 anos com visão de passado, presente e futuro, projetando o Brasil como referência em sustentabilidade, identidade e inovação,” afirma Paulo Borges. 

Os projetos e criações apresentados na exposição provam que o pensamento do design não se aplica apenas à forma, mas também aos processos, às tecnologias e aos sistemas produtivos, na construção de uma teia de conexões entre saberes ancestrais e tecnologias contemporâneas, sempre em busca de soluções inovadoras para o futuro da moda. É nesse encontro entre moda e ciência que conseguimos desenhar futuros possíveis. 

O Brasil, que abriga a maior biodiversidade do planeta — com seis biomas de riqueza singular (Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pampa e Pantanal) — possui condições únicas para liderar a transição global rumo a uma moda de base regenerativa. Essa riqueza natural, combinada a saberes tradicionais e inovação científica, já se traduz em pesquisas sobre fibras vegetais, corantes naturais, tecidos a partir de resíduos e biotecnologia aplicada ao design. 

A indústria têxtil e de confecção brasileira é a maior cadeia completa do Ocidente, do fio ao varejo. Em 2023, o setor registrou um faturamento de R$ 203,9 bilhões, representando 5,9% do valor da produção da indústria de transformação, segundo a Abit. Emprega mais de 1,3 milhão de trabalhadores diretos e cerca de 8 milhões no total, incluindo empregos indiretos e efeito renda, com destaque para a maior participação feminina da indústria nacional (60%). 

Esses números evidenciam o potencial da moda como motor da bioeconomia, ampliando seu papel estratégico para o desenvolvimento sustentável, para a geração de empregos e para o reposicionamento do Brasil no cenário internacional como protagonista natural da economia regenerativa.