Pandemia acelerou aposentadorias e paralisou treinamentos; normalização pode levar anos, dizem especialistas
Voar nunca foi tão complicado. Além dos já conhecidos problemas — longas filas, greves, ataques cibernéticos, drones e cancelamentos em massa —, o setor aéreo agora enfrenta um desafio estrutural: a falta global de pilotos.
Com a retomada das viagens após a pandemia de covid-19, as companhias aéreas estão sofrendo para encontrar profissionais treinados e disponíveis para atender à explosão da demanda, especialmente por viagens de lazer.
✈️ Treinamentos parados e aposentadorias em massa
Durante os anos críticos da pandemia, escolas de aviação suspenderam treinamentos e empresas congelaram contratações, aguardando os efeitos da crise sanitária no setor de turismo e aviação. O resultado foi um atraso na formação de novos pilotos, que agora pressiona o sistema.
Ao mesmo tempo, milhares de pilotos experientes anteciparam aposentadorias, motivados pela incerteza econômica e pelas novas condições de trabalho. Muitos outros ainda planejam deixar a profissão nos próximos anos, especialmente na América do Norte, agravando o cenário.
📉 Demanda supera capacidade de formação
“O atual crescimento da demanda por viagens aéreas surpreendeu muitas companhias”, explica Christoph Klingenberg, especialista em gestão aérea da Universidade de Ciências Aplicadas de Worms, na Alemanha.
“Como leva vários anos para treinar pilotos, a situação levará alguns anos para se normalizar.”
Segundo o Departamento de Estatísticas do Trabalho dos Estados Unidos, somente nos EUA devem ser abertas cerca de 18.200 vagas para pilotos de companhias aéreas e comerciais por ano na próxima década — o que representa mais de 180 mil novas posições em dez anos.
🚨 Impacto direto no passageiro
A escassez de pilotos já afeta rotas comerciais em vários países, com voos cancelados por falta de tripulação qualificada. Algumas companhias, especialmente as regionais, estão reduzindo rotas ou diminuindo a frequência de voos por não conseguirem preencher seus quadros.
O resultado? Voos mais caros, menos opções e instabilidade no planejamento de viagens.