Tiros em área grilada no DF expõem elo do PCC com servidor do TJDFT

Romário Gil de Sousa, ligado ao PCC, vai a júri nesta terça (30/9) por tentativa de homicídio; caso apontou corrupção passiva e suposta fraude de provas com participação de advogada e servidor do TJDFT

Uma disputa por lote em assentamento irregular no Distrito Federal desencadeou uma investigação que revelou conexões entre um integrante do PCC, uma advogada acusada de forjar provas e um servidor do TJDFT suspeito de vender informações públicas como sigilosas.

Nesta terça-feira (30/9)Romário Gil de Sousa Nascimento, 31 anos, vai a júri popular por tentativa de homicídio, episódio que, segundo a investigação, expôs o elo entre o PCC e um técnico judiciário do tribunal.

O caso começou em 16 de julho de 2023, no assentamento Dorothy (Sobradinho-DF), durante briga de vizinhos pela demarcação de lote grilado. Chamado por parentes para “resolver” a disputa, Romário teria efetuado disparos de arma de fogo, ferindo um homem no pé esquerdo e na coxa direita.

Após os tiros, Romário fugiu e acionou a advogada Carla Aparecida Rufino Freitas para articular a defesa. Ele temia a retomada de investigações sobre crimes ligados a uma guerra com o Comando Vermelho em Caldas Novas (2019) — pelo qual foi condenado a 35 anos e é foragido da Justiça goiana desde então, conforme os autos.

Ainda de acordo com a apuração, a advogada teria pago R$ 3 mil a Maurício Ferreira Martins para que assumisse a autoria dos disparos, numa tentativa de criar versão alternativa. A estratégia, porém, esbarrou em testemunhos que já citavam o nome de Romário como autor.

Para checar a existência de mandados de prisão, inclusive sob sigilo, a defesa recorreu a um contato no TJDFT por meio do ex-marido da advogada. O técnico judiciário Rigel dos Santos Brito teria sido acionado e recebido R$ 50 para levantar informações internas, segundo a denúncia.

Rigel responde como réu por corrupção passiva nesse caso. Ele chegou a ser preso em 2024 e atualmente responde em liberdade por habeas corpus. Já Carla é apontada como responsável por forjar provas e intermediar o acesso irregular a dados. Romário, por sua vez, encara o júri por tentativa de homicídio, peça central que desmantelou acordos informais e iluminou o tráfico de influência entre crime organizado e estrutura do Judiciário no DF.

O processo destaca termos sensíveis ao SEO jurídico e criminal — como grilagem de terrastentativa de homicídioPCCcorrupção passivaTJDFT e fraude processual — e reforça a gravidade de uso indevido de informações oficiais para obstruir a Justiça. Autoridades seguem apurando a responsabilização penal de todos os envolvidos.