Brasil exclui EUA de cúpula sobre democracia em Nova York

Reunião “Democracia Sempre”, idealizada por Brasil e Espanha, convida apenas países considerados plenamente democráticos, segundo governo brasileiro

O Brasil decidiu não convidar os Estados Unidos para a reunião “Democracia Sempre”, que acontece na próxima semana em Nova York, paralelamente à Assembleia-Geral da ONU. A cúpula, que discute temas como defesa da democracia, combate à desigualdade e à desinformação, é organizada por Brasil e Espanha, com apoio de países latino-americanos e europeus.


Segundo o governo brasileiro, “não há condições” de convidar os EUA

De acordo com um funcionário do governo brasileiro, a exclusão dos EUA se deu por critérios políticos e institucionais. O país norte-americano não foi considerado alinhado aos princípios democráticos defendidos pelo grupo, especialmente após questionamentos feitos pelo governo norte-americano sobre o sistema eleitoral brasileiroaproximações com pautas extremistas.

Apenas países que são democráticos são chamados. Não temos condições de convidar um governo que questionou a democracia brasileira”, disse o representante.


Quem está na lista de convidados

Entre os cerca de 30 países participantes, estão:

  • Uruguai, Colômbia, Chile, Alemanha, França, Canadá, Noruega, México, Quênia, Senegal e Timor Leste;
  • União Europeia, representada por diplomatas;
  • António Guterres, secretário-geral da ONU, também deve comparecer.

A ausência dos EUA na edição de 2025 contrasta com o ano anterior, quando o país havia sido convidado.


Contexto político e posicionamento internacional

A decisão do Brasil marca um distanciamento diplomático em relação aos EUA no debate sobre valores democráticos. A exclusão não foi apenas simbólica, mas deliberada, sinalizando desconforto com posturas recentes adotadas pelo governo norte-americano, inclusive no contexto latino-americano e em fóruns multilaterais.

A reunião, que já teve uma edição em Santiago, no Chile, com a presença do presidente Lula, busca consolidar um bloco de nações comprometidas com princípios democráticos sólidos, cooperação multilateral e enfrentamento das ameaças institucionais.


Documento conjunto deve reforçar compromisso democrático

Ao fim do encontro, os líderes deverão divulgar um novo comunicado conjunto, reafirmando a importância de:

  • Fortalecer instituições democráticas;
  • Combater a desinformação e os discursos de ódio;
  • Reduzir desigualdades como forma de proteger a democracia.

A iniciativa “Democracia Sempre” desponta como uma resposta estratégica à instabilidade democrática global, e a exclusão dos EUA acentua os desalinhamentos geopolíticos emergentes entre aliados históricos.