Ignaz Semmelweis: o médico que morreu em manicômio por defender a lavagem das mãos

Conhecido como o “Salvador das Mães”, ele enfrentou resistência da comunidade médica do século 19 ao introduzir medidas de higiene que reduziram drasticamente as mortes em hospitais

No século 19, os hospitais eram conhecidos como “Casas da Morte”: locais de sujeira extrema, onde médicos raramente lavavam as mãos e pacientes enfrentavam taxas de mortalidade muito superiores às de quem era tratado em casa.

Nesse cenário, o médico húngaro Ignaz Semmelweis tornou-se pioneiro ao defender uma medida simples, mas revolucionária: lavar as mãos. Em 1847, no Hospital Geral de Viena, ele introduziu a prática após perceber que médicos que realizavam autópsias transmitiam infecções fatais para mulheres em trabalho de parto.

Redução drástica da mortalidade

Com a obrigatoriedade da lavagem das mãos em solução de cal e cloro, as taxas de mortalidade por febre puerperal caíram de 18% para pouco mais de 2% em apenas um mês. A descoberta de Semmelweis salvou incontáveis vidas e abriu caminho para a moderna medicina antisséptica.

Resistência e tragédia pessoal

Apesar dos resultados, suas ideias foram rejeitadas pela comunidade médica. Muitos colegas não aceitavam a tese de que eles mesmos estariam matando pacientes. Criticado e hostilizado, Semmelweis passou a acusar seus opositores de “assassinos” e viu sua carreira ruir.

Em 1865, após um quadro de depressão e comportamento errático, foi levado à força para um asilo em Viena, onde morreu duas semanas depois, vítima de infecção após uma agressão sofrida no local.

Legado ignorado em vida

Semmelweis não viveu para ver suas ideias reconhecidas. Décadas depois, com os avanços de Louis Pasteur, Joseph Lister e Robert Koch, a teoria dos germes se consolidou e confirmou o que ele havia antecipado. Hoje, é lembrado como o precursor da higiene hospitalar moderna e símbolo de resistência científica