Referência mundial no setor de vinhos visita vinícolas do DF

John Barker, diretor-geral da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), visitou a Vinícola Brasília e a Villa Triacca Hotel Vinícola & Spa, considerada uma das principais referências do setor na região

Brasília recebeu nesta semana o neozelandês John Barker, diretor-geral da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), entidade que reúne 51 países responsáveis pela maior parte da produção e do consumo de vinhos no mundo. A passagem de um dos nomes mais influentes da vitivinicultura global reforça a inserção do Distrito Federal e do Brasil no cenário internacional. Nesta terça-feira (19), Barker visitou a Vinícola Brasília e a Villa Triacca Hotel Vinícola & Spa, considerada uma das principais referências do setor na região.

O encontro reuniu lideranças do segmento, como Fernanda Spinelli, presidente da Subcomissão de Métodos de Análises da OIV; Juçara Aparecida, coordenadora-geral de Vinhos e Bebidas do MAPA; Marcos Araújo, Chefe da Comissão de Saúde e Segurança da OIV e Heloísa Bertolli, presidente da Câmara Setorial da Viticultura, Vinhos e Derivados.

Na visita, a comitiva conheceu a estrutura da Vinícola Brasília e Villa Triacca Hotel Vinícola & Spa, onde são cultivadas uvas de diferentes variedades utilizadas na produção de vinhos. O grupo também percorreu as instalações do Villa Triacca Hotel Vinícola & Spa, que reúne hospedagem, gastronomia e enoturismo em meio aos vinhedos do PAD-DF. “A importância dessa visita para o nosso promissor terroir vitivinícola é imensurável. Receber a maior autoridade mundial do vinho, o gentil John Barker, diretor-geral da OIV, e sua comitiva, foi uma grande honra. Sem dúvida, um marco na nossa ainda recente história no mundo do vinho”, destaca Ronaldo Triacca, dono da Villa Triacca Hotel Vinícola & Spa.

Alexandre Ahlert Bárbara Juçara Aparecida Ronaldo Triacca John Barker Isabella Bonato Fernanda Spinelli Erbert Araújo (Ercoara) Marcos Araújo Heloisa Bertoli Mario Sérgio Rafael Bonato (Oma Sena) Carlos Vitor (Casa Vitor)

Já Isabella Bonato, sócia da Vinícola Brasília, conta que receber a comitiva da OIV foi um reconhecimento muito importante à região do Cerrado. “Eles puderam conhecer de perto os vinhos de Brasília e a técnica da dupla poda, desenvolvida por um pesquisador brasileiro, que nos permite produzir vinhos de alta qualidade em uma região desafiadora. A OIV é a principal referência mundial em pesquisa, desenvolvimento e padronização do setor, e estar em diálogo com ela é essencial para que possamos estruturar e fortalecer a vitivinicultura brasileira dentro do cenário global. Aqui na vinícola já realizamos estudos, como a pesquisa que já foi apresentada na OIV pela Fernanda Spinelli sobre compostos benéficos do vinho para a saúde, e queremos avançar ainda mais nesse caminho da ciência e da inovação. Temos muito orgulho de ver brasileiros como a própria Fernanda e o Marcos ocupando posições dentro da OIV, representando nosso país e mostrando que o Brasil tem voz nesse debate. A visita reforça nossa determinação de dar visibilidade a um setor que, muitas vezes, ainda não recebe o destaque que merece, mas que tem enorme potencial.”

Embora Brasília não tenha tradição histórica na vitivinicultura, o Distrito Federal vem se consolidando como um novo pólo de destaque no setor. Vinícolas da região unem tecnologia e identidade local para oferecer experiências completas – que vão de visitas guiadas a jantares harmonizados – e conquistam um público cada vez mais amplo e interessado. Dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF) apontam que, em 2023, foram colhidas 858 toneladas da fruta em 94 hectares, gerando um Valor Bruto de Produção (VBP) de R$ 10,1 milhões. Já em 2024, o volume saltou para 1.377 toneladas em 121 hectares, com 60 produtores envolvidos – sendo 11 deles dedicados às uvas viníferas. O VBP superou os R$ 18 milhões.

Com sede em Dijon, na França, a OIV responde por 85% da área vitícola mundial, 88% da produção global de vinhos e 75% do consumo. A visita de Barker é considerada simbólica para o Brasil, que vem ampliando sua presença nesse mercado e consolidando espaço no mapa do vinho. Inclusive, o diretor-geral segue agenda até o fim da semana no Rio Grande do Sul com apoio do Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS).

Brasil em números

O país ocupa hoje a posição de 22º maior vinhedo do mundo, com a seguinte distribuição de cultivo: 53% uvas de mesa, 24% destinadas a vinhos e 23% para suco de uva. É ainda o 14º maior produtor de vinhos, com uma produção anual entre 3 e 4 milhões de hectolitros, o equivalente a 300 a 400 milhões de litros.

No consumo, a média histórica brasileira varia entre 3 e 3,5 milhões de hectolitros (300 a 350 milhões de litros), tendo atingido o pico de 4 milhões de hectolitros (400 milhões de litros) durante a pandemia, entre 2020 e 2021.