Moraes aguarda revogação de sanções impostas por Trump

Ministro do STF afirma confiar na diplomacia e diz que medida pode ser revertida também pela Justiça dos EUA

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, afirmou em entrevista à Reuters que espera que o presidente norte-americano Donald Trump reverta as sanções impostas contra ele. Segundo Moraes, há falta de consenso dentro do próprio governo dos Estados Unidos sobre a medida, o que reforçaria a possibilidade de revisão.

As sanções vieram após Moraes intensificar medidas restritivas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que será julgado por suposta tentativa de golpe de Estado em 2022. Em resposta, Trump classificou o processo como uma “caça às bruxas” e impôs uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, além de sanções financeiras pessoais contra Moraes, o que vem preocupando bancos brasileiros.

Moraes aposta na diplomacia

Apesar do risco de escalada da crise diplomática entre Brasil e EUA, Moraes demonstrou confiança de que a situação será resolvida.

“É plenamente possível uma impugnação judicial (nos Estados Unidos) e até agora não encontrei nenhum professor ou advogado que ache que a Justiça não iria reverter. Mas, nesse momento, eu aguardo — e foi uma opção minha — aguardar a questão diplomática do país, Brasil e Estados Unidos”, afirmou.

Perfil e embates do ministro

O episódio representa até agora o maior teste internacional da carreira de Moraes, de 56 anos, conhecido pela postura firme e figura marcante no STF, onde atua há oito anos.

O ministro já esteve no centro de disputas de grande repercussão, como:

  • Confronto direto com o bilionário Elon Musk sobre redes sociais;
  • Prisão de centenas de manifestantes bolsonaristas após ataques às instituições;
  • Decisão que baniu Bolsonaro de disputar eleições quando presidiu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Apesar do bloqueio de bens e da tensão política, Moraes afirma que sua rotina pouco se alterou. Ele segue praticando boxe e artes marciais, além de se dedicar à leitura de “Liderança”, último livro do diplomata norte-americano Henry Kissinger.

Pressão de aliados de Bolsonaro

Moraes atribuiu parte do desgaste internacional a uma campanha de aliados de Jair Bolsonaro, incluindo seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Segundo o ministro, o parlamentar estaria sob investigação por se mudar para os EUA com o objetivo de buscar a interferência de Trump em favor do pai perante o STF.

Foto: Werther Santana