Ex-diretor de VEJA e coordenador editorial de EXAME, Guzzo foi uma voz influente e provocativa que marcou o jornalismo profissional por décadas.
Faleceu no dia 2 de agosto, aos 82 anos, o jornalista José Roberto Guzzo, conhecido como J.R. Guzzo, uma das figuras mais marcantes e influentes da imprensa brasileira. Sua trajetória começou a se desenhar na Paris efervescente da primavera de 1968, quando, ainda jovem correspondente do Jornal da Tarde na capital francesa, recebeu o convite de Mino Carta para assumir a posição de editor internacional na nascente revista VEJA.
Com apenas 24 anos, Guzzo aceitou o desafio e, ao longo de sua carreira, consolidou-se como um dos jornalistas mais respeitados do país, dirigindo a revista de 1976 a 1991. Em 1988, também assumiu a coordenação editorial da revista EXAME, período em que as publicações alcançaram grande influência no cenário nacional.
Uma carreira marcada pelo rigor e pela ironia
Conhecido pela ironia afiada e pelo rigor jornalístico, Guzzo tornou-se referência em textos profundos, precisos e sem rodeios, características que marcaram desde suas reportagens até sua atuação como editor. Um dos momentos mais emblemáticos de sua carreira foi a cobertura exclusiva da histórica visita do presidente americano Richard Nixon à China de Mao Tsé-tung, em 1972 — um feito que Guzzo considerava “a coisa mais próxima de uma viagem à Lua” naquela época.
Carlos Maranhão, em sua biografia de Roberto Civita, ressaltou a habilidade editorial de Guzzo, apelidado de “Mão Peluda” pela capacidade de transformar textos com poucas canetadas. Seu estilo de edição, detalhista e incansável, era conhecido por mudar completamente o tom e o impacto das reportagens.
Nos últimos anos, Guzzo contribuiu como articulista da revista Oeste, da qual foi um dos fundadores, e do jornal O Estado de S. Paulo, mantendo sua voz ativa e provocadora até o fim.
J.R. Guzzo deixa um legado de integridade, ousadia e paixão pelo jornalismo, inspirando gerações de profissionais e leitores.