Moraes proíbe Bolsonaro de falar com 191 pessoas e determina uso de tornozeleira eletrônica

Decisão impõe restrições severas ao ex-presidente, incluindo isolamento de aliados e embaixadores; medida cita possibilidade de fuga como justificativa

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou medidas cautelares rigorosas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Entre elas, a proibição de manter contato com 191 pessoas, incluindo aliados políticos, investigados por tentativa de golpe de Estado e até embaixadores estrangeiros. A decisão foi emitida na última sexta-feira (18).

A justificativa central é a possibilidade de fuga de Bolsonaro, embora o termo “fuga” apareça apenas duas vezes ao longo das 45 páginas do despacho. A ordem judicial também exige o uso de tornozeleira eletrônica, impõe recolhimento domiciliar noturno e integral nos fins de semana, além da proibição do uso de redes sociais, mesmo por terceiros.

🔒 Restrições detalhadas:

  • Contato proibido com 191 pessoas, incluindo:
    • Todos os réus nas ações penais 2.668, 2.693, 2.694 e 2.695
    • Investigados no inquérito 4.995
    • Alvos da petição 12.100
    • Todos os embaixadores em atuação no Brasil (Brasília abriga 132 representações diplomáticas)
  • Distância mínima de 200 metros de qualquer embaixada
  • Proibição de comunicação por terceiros ou contatos indiretos
  • Tornozeleira eletrônica obrigatória
  • Recolhimento domiciliar entre 19h e 6h nos dias úteis e em tempo integral nos fins de semana e feriados

A medida inclui nomes de destaque do núcleo bolsonarista, como Eduardo Bolsonaro (filho do ex-presidente), Augusto Heleno, Anderson Torres, Mauro Cid, Silvinei Vasques, Alexandre Ramagem e Braga Netto, entre outros ex-ministros, generais e assessores.

Além disso, a ordem autoriza o uso da força para cumprimento da medida, incluindo arrombamento de portas e cofres, e até busca pessoal em pessoas presentes no local, caso haja suspeita de posse de documentos ou objetos relacionados às investigações.

🔍 Trecho da decisão:

“Essas circunstâncias evidenciam a gravidade das condutas e a necessidade das medidas cautelares para garantir a ordem pública e o regular andamento do processo penal”, escreveu Moraes.

A decisão acontece no contexto das investigações sobre tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, com foco nos bastidores do 8 de Janeiro e possíveis articulações para subverter o resultado das eleições de 2022. Todos os réus negam as acusações.

Foto: Samuel Reis