Economista ligada a Paulo Guedes e ao movimento conservador nos EUA deve assumir vice-presidência para América Latina
A economista Susana Cordeiro Guerra, ex-presidente do IBGE no governo Bolsonaro, foi apontada por fontes em Washington como a próxima vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina. Se confirmada, a nomeação a colocaria no comando direto de um portfólio de US$ 32 bilhões, dos quais US$ 14 bilhões são destinados ao Brasil, com foco em infraestrutura, como hidrelétricas e saneamento básico.
A notícia ainda não foi oficializada pelo Banco Mundial, mas já repercute nos bastidores de Brasília e Washington por suas possíveis implicações políticas e geopolíticas.
Susana é considerada uma aliada próxima do ex-ministro da Fazenda Paulo Guedes, e atualmente ocupa o cargo de gerente de Instituições no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Ela também tem conexões com o alto escalão da política de defesa dos EUA: é casada com Elbridge Colby, subsecretário do Pentágono e influente integrante do movimento “Make America Great Again” (MAGA), que orbita em torno da candidatura de Donald Trump.
Influência bolsonarista pode ganhar novo espaço no cenário internacional
A eventual nomeação de Susana acontece num momento sensível: os Estados Unidos são o maior acionista do Banco Mundial, com 16% do capital, e têm influência decisiva nas escolhas da alta cúpula. Sua presença no cargo pode representar mais um canal de influência do bolsonarismo em um possível segundo governo Trump, afetando inclusive o Brasil.
Parte dos recursos sob sua gestão estariam disponíveis ao governo Lula, o que abre espaço para possíveis tensões diplomáticas ou entraves políticos, caso interesses estratégicos entrem em colisão.
O próprio Colby esteve recentemente no centro de uma controvérsia: foi ele quem bloqueou o envio de armas à Ucrânia, medida que só foi revertida dias depois por Trump. Além disso, Colby é um dos autores do Plano 2025, iniciativa do think tank conservador The Heritage Foundation, que pretende redesenhar a estrutura administrativa dos EUA sob uma eventual nova gestão republicana.
Brasil no radar geopolítico
Com recursos bilionários em jogo, a ascensão de Susana Cordeiro Guerra ao posto de vice-presidente do Banco Mundial pode representar muito mais do que uma simples mudança de gestão. Trata-se de uma potencial reconfiguração das relações entre Brasil, EUA e os organismos multilaterais, em um tabuleiro onde economia, ideologia e influência internacional se entrelaçam perigosamente.