Macron dobra gasto militar e alerta: “Liberdade nunca esteve tão ameaçada desde 1945”

Presidente francês anuncia € 64 bilhões para defesa até 2027 e diz que Europa vive riscos comparáveis aos da Segunda Guerra Mundial

Emmanuel Macron fez um alerta solene ao anunciar o maior aumento no orçamento militar da França desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Em discurso neste domingo (13), véspera do feriado da Queda da Bastilha, o presidente francês afirmou que a liberdade na Europa “nunca esteve tão ameaçada desde 1945.”

Dobro do orçamento até 2027

Macron anunciou que o país dobrará o orçamento com defesa para € 64 bilhões (cerca de R$ 416 bilhões) até o fim de seu mandato, em 2027.

“Para sermos livres neste mundo, precisamos ser temidos. Para sermos temidos, precisamos ser poderosos”,afirmou o presidente às Forças Armadas.

Guerra, terrorismo e instabilidade global

O chefe de Estado francês citou o avanço do terrorismo, a guerra eletrônica, o uso crescente de drones e, principalmente, a ameaça persistente da Rússia como razões para o novo investimento em defesa.

Macron alertou para o risco real de uma “guerra aberta” no continente europeu nos próximos anos, agravado por conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio, além da “incerteza estratégica” trazida pelos EUA.

“Estamos mergulhando novamente em anos em que a história se faz”, disse ele.

Europa militarizada: tendência pós-Guerra Fria

A decisão francesa segue uma tendência continental: em 2024, os gastos com defesa na Europa aumentaram 17%, o maior salto desde o fim da Guerra Fria, segundo o Instituto Sipri, de Estocolmo.

Ao todo, foram US$ 693 bilhões (R$ 3,8 trilhões) em investimentos militares — número que inclui Rússia e aliados da OTAN.

Pressão fiscal à vista

Apesar da ênfase no reforço militar, Macron enfrenta um cenário fiscal delicado.

A França carrega o maior déficit público da zona do euro: 5,8% do PIB. O novo esforço exigirá reduções orçamentárias de até 3,5% do PIB para manter a sustentabilidade fiscal.

Mesmo assim, Macron foi enfático:

“Este esforço é histórico, proporcional e vital. Não é apenas o que precisamos. É realmente o que precisamos.”


O discurso ocorre às vésperas de novos anúncios dos EUA sobre a guerra na Ucrânia. Donald Trump — favorito nas eleições americanas — deve sinalizar mudanças na relação com a Rússia, enquanto líderes da OTAN se reúnem em Washington.