Governo eleva IOF, mas brasileiros mantêm corrida por investimentos no exterior

Instabilidade fiscal e campanhas agressivas de corretoras sustentam atratividade dos ativos

Investir no exterior continua sendo uma opção relevante para quem busca diversificação e proteção cambial, porém, ficou mais caro. Recentemente, as remessas de recursos feitas por pessoas físicas com finalidade de investimento passaram a ser tributadas com alíquota de IOF de 1,1%, uma alta expressiva em relação à taxa anterior de 0,38%. A mudança foi anunciada após forte repercussão negativa diante da proposta inicial do governo, que previa elevar esse imposto para 3,5%. Embora o recuo parcial tenha aliviado parte da pressão, o impacto sobre o custo total da aplicação ainda preocupa o mercado. 

Na prática, a nova alíquota representa um aumento de quase três vezes no imposto pago sobre o capital remetido, exigindo uma análise mais criteriosa na hora de investir diretamente no exterior. O economista e sócio da iHUB Investimentos, Lucas Sharau, explica que o cenário impõe novos desafios. “Esse novo patamar de IOF funciona como um pedágio que o investidor precisa pagar logo na largada. É preciso avaliar se o potencial de retorno compensa essa perda inicial”, afirma.

Diversificação ainda é o melhor caminho Apesar do aumento do custo, a diversificação internacional continua sendo recomendada e vem ganhando cada vez mais adesão entre os investidores brasileiros. Aproveitando o momento, as principais corretoras do país lançaram campanhas agressivas para estimular as remessas ao exterior. A XP, por exemplo, passou a oferecer cashback do valor do IOF para clientes que realizam esse tipo de operação pela primeira vez.

Enquanto as medidas do governo indicam um possível desestímulo ao envio de recursos para fora do país, o mercado reage com estratégias para manter o ritmo das operações. Inclusive, a iHUB registrou o envio de 80% do volume de remessas internacionais esperada para o mês inteiro em um único dia.

“Investir lá fora não é apostar contra o Brasil. É uma forma legítima de reduzir riscos e buscar novas oportunidades. Mesmo com o aumento, o cenário econômico no Brasil é bastante incerto e leva os investidores a buscar cada vez  mais a proteção patrimonial com ativos no exterior”, comenta Lucas.

Lucas Sharau, economista e assessor na iHub Investimentos – Divulgação

Pedágio na largada 

Com a nova alíquota de 1,1%, o investidor paga R$11 a cada R$1.000 enviados ao exterior, valor quase três vezes superior ao que era cobrado antes da mudança. Isso significa que o capital disponível para aplicação é menor, o que reduz o retorno líquido. Para que o valor remetido recupere o imposto, será necessário um rendimento de cerca de 5% ao ano por pelo menos 4 meses em aplicações de renda fixa no exterior.

“Se a proposta inicial do governo tivesse sido mantida, com IOF de 3,5%, esse prazo subiria para quase 10 meses, apenas para recuperar o imposto”, destaca o economista.Uma alternativa para se dolarizar patrimônio de maneira ainda atrativa nesse novo cenário está nos fundos de investimentos tradicionais que se expõem em dólar, BDRs, ETFs internacionais e ações de empresas exportadoras. Diferente das remessas feitas diretamente a corretoras internacionais, esses ativos continuam isentos de IOF e garantem a exposição do investidor em moeda estrangeira.

“Para o investidor que busca diversificar e quer evitar esse custo de remessa, os fundos locais passaram a ser uma via mais eficiente do ponto de vista tributário”, avalia Sharau.

Sobre iHUB Investimentos

A iHUB Investimentos é uma empresa especializada em assessoria de investimentos credenciada pela XP Investimentos. Possui mais de 5,5 mil clientes, somando mais de R$1,8 bilhão em valores investidos sob custódia.