Presidente do Peru minimiza escândalo dos Rolex, admite erro de julgamento e nega enriquecimento

Dina Boluarte diz que relógios de luxo foram emprestados e acusa investigação de ser “cortina de fumaça”

A presidente do Peru, Dina Boluarte, tentou conter nesta sexta-feira (5) a crise política provocada pelo escândalo envolvendo o uso de relógios Rolex e joias de grife. Em declaração no Palácio de Governo, ela admitiu “erro de julgamento” ao usar os acessórios, mas afirmou que todos os relógios, com exceção de um, teriam sido emprestados por um amigo — e já foram devolvidos.

O episódio acontece uma semana após uma operação da polícia que vasculhou sua casa e escritório, em Lima, como parte de uma investigação por suposto enriquecimento ilícito.

A crise se agravou ao longo da semana e resultou em uma reforma ministerial emergencial, com a troca de quase um terço do gabinete, incluindo a saída do ministro do Interior, responsável por comandar a polícia nacional.

Relógios, joias e suspeitas

Boluarte foi interrogada por quase cinco horas pelo Ministério Público peruano nesta sexta-feira. As investigações buscam entender a origem de diversos relógios Rolex e outras peças de luxo supostamente incompatíveis com seu salário como funcionária pública.

Segundo a presidente, os itens foram emprestados por um conhecido que teria desejado “melhorar a imagem do país” com a exibição dos acessórios. Já sobre uma pulseira e um colar supostamente de grife, Boluarte afirmou se tratar de bijuterias simples, compradas anos atrás.

Ela classificou a investigação como “uma mentira” e “uma cortina de fumaça”, criticando o Ministério Público por, segundo ela, agir com falta de profissionalismo.

Apoio no Congresso e recuo do impeachment

Na véspera do depoimento, Boluarte conseguiu uma vitória política no Congresso peruano. Dois pedidos de impeachment apresentados por partidos de esquerda foram rejeitados, graças ao apoio de setores conservadores e da direita, que justificaram o voto como uma forma de evitar uma nova crise institucional no país.

Desde que assumiu o cargo, em dezembro de 2022, após a queda de Pedro Castillo, Boluarte enfrenta resistência popular, protestos e dificuldades para retomar o crescimento econômico do país, que já foi uma das economias mais sólidas da América do Sul.