Parlamentar brasileira afirma que mudança reflete retrocessos na política de direitos civis promovida pela gestão republicana
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) denunciou, nesta segunda-feira (15), que seu visto de entrada para os Estados Unidos foi emitido com a designação de “sexo masculino”, contrariando sua identidade de gênero e a documentação oficial do Brasil. A alteração, segundo ela, teria ocorrido em decorrência de diretrizes implementadas sob a gestão do ex-presidente Donald Trump, que retornou recentemente à cena política com medidas controversas relacionadas à população trans.
Erika relatou o episódio ao tentar viajar aos Estados Unidos para participar da Brazil Conference, evento internacional realizado pela Universidade de Harvard e pelo MIT. O mesmo visto, segundo ela, havia sido emitido em 2023 com a designação correta de “sexo feminino”.
“Não me surpreende. Isso já está acontecendo nos documentos de pessoas trans dos EUA faz algumas semanas”, escreveu a parlamentar em suas redes sociais.
📉 Retrocessos nas políticas LGBTQ+ nos EUA
A mudança nos registros ocorre em meio a uma onda conservadora crescente nos Estados Unidos. A gestão Trump tem impulsionado a reversão de políticas públicas de reconhecimento e proteção à população LGBTQIA+, incluindo:
- Restrições a transições de gênero em documentos oficiais.
- Banimento de menções a termos como “identidade de gênero” e “diversidade sexual” em sites do governo.
- Propostas de leis estaduais que limitam o acesso de pessoas trans a banheiros públicos, equipes esportivas e tratamentos médicos.
O caso da deputada brasileira reacende o debate sobre o impacto dessas decisões fora do território norte-americano, sobretudo no que diz respeito a lideranças políticas e figuras públicas trans internacionais.
📣 “É ódio institucionalizado”, afirma Erika Hilton
Erika Hilton ressaltou que todos os documentos apresentados na solicitação do visto estão retificados conforme a legislação brasileira, incluindo a certidão de nascimento, onde consta seu gênero como feminino. Para ela, a atitude do governo norte-americano é uma violação direta de sua dignidade e de seus direitos civis:
“Afinal, os documentos que apresentei são retificados, e sou registrada como mulher. Isso não é burocracia. É ódio”, declarou.
🌍 Implicações diplomáticas e simbólicas
O episódio levanta questionamentos sobre o reconhecimento internacional da identidade de gênero de cidadãos estrangeiros, mesmo quando essa identidade já é legalmente reconhecida no país de origem.
Embora ainda não haja posicionamento formal do Itamaraty, o caso pode gerar repercussões diplomáticas, especialmente diante da crescente participação de Erika Hilton em fóruns internacionais sobre direitos humanos.