Boom dos patinetes elétricos no DF revela desafios de segurança e fiscalização

Rápidos, sustentáveis e cada vez mais presentes nas ruas do Distrito Federal, os patinetes elétricos conquistaram de vez os brasilienses. Desde que começaram a circular oficialmente na capital, em janeiro deste ano, os equipamentos passaram a integrar a paisagem urbana de forma acelerada — e nem sempre obedecendo às normas.

Hoje, Plano Piloto e Águas Claras são as únicas regiões administrativas onde o serviço está disponível. Ao todo, 672 patinetes foram disponibilizados por meio de uma parceria entre a Secretaria de Transporte e Mobilidade do DF (Semob-DF) e a empresa JET, que já opera em outras cidades do país.

Mas junto com a adesão crescente, surgem também os desafios da fiscalização e do uso responsável — uma equação que, por enquanto, está longe de ser resolvida.


🚨 Regras claras, descumprimento evidente

Apesar das regras serem bem definidas, o comportamento dos usuários tem acendido um alerta entre autoridades e especialistas em segurança viária.

Entre as normas ignoradas com mais frequência estão:
• Proibição do uso por menores de 18 anos
• Circulação permitida apenas em ciclofaixas, ciclovias e vias com limite de até 40 km/h
• Velocidade máxima de 6 km/h em calçadas
• 20 km/h como limite em ciclovias
• Proibição do transporte de duas pessoas no mesmo equipamento

Mas basta uma caminhada pelo Eixão ou pelas ruas movimentadas de Águas Claras para constatar a realidade: pais levando crianças na garupa, adolescentes dirigindo sozinhos e patinetes dividindo espaço com carros em vias de alta velocidade.


🔎 Falta de penalidades formais e fiscalização limitada

Procurado, o Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF) reconheceu a ausência de punições formais para o uso irregular dos patinetes. Em nota, o órgão informou que está “acompanhando o comportamento dos usuários e os impactos na segurança viária”, mas que ainda não há regulamentação de penalidades específicas para esse tipo de infração.

Por ora, a atuação do Detran-DF tem se concentrado na orientação e conscientização, embora haja a possibilidade de medidas mais rigorosas em casos reincidentes.

“Caso um usuário faça uso reiterado do patinete de forma a colocar em risco o trânsito e a segurança pública, o Detran-DF pode realizar a remoção ou apreensão do equipamento”, destacou o órgão.


🛴 JET reconhece uso indevido e promete medidas

Por meio da Semob-DF, a empresa JET reconheceu a ocorrência de irregularidades no uso dos patinetes e afirmou que está estudando ações para coibir os comportamentos inadequados. A empresa não detalhou quais seriam essas medidas, mas garantiu que segurança e educação dos usuários estão entre as prioridades para o bom funcionamento do serviço.


⚖️ Entre a mobilidade do futuro e a urgência do presente

O caso dos patinetes no DF expõe um dilema cada vez mais comum nas grandes cidades brasileiras: como equilibrar inovação e responsabilidade?

De um lado, o serviço representa uma alternativa moderna, limpa e prática para o transporte urbano. De outro, a ausência de uma cultura consolidada de mobilidade consciente e a falta de regulamentações claras criam um terreno fértil para o improviso — e o risco.

Enquanto isso, a cidade segue acelerando sobre duas rodas elétricas, entre a praticidade do presente e os ajustes urgentes de um futuro que já chegou.