Economia da atenção pode ser um paradigma para as marcas no Brasil

Com a saturação digital, capturar a atenção do consumidor exige estratégias autênticas e criativas

O Brasil ocupa a segunda posição mundial em tempo gasto na internet, com uma média de 9 horas e 13 minutos por dia, conforme o “Relatório Digital 2024: 5 billion social media users”, da We Are Social em parceria com a Meltwater. Esse número revela o consumo massivo de conteúdo digital no país, ficando atrás apenas da África do Sul, que lidera com uma média de 9 horas e 24 minutos. Embora essa imensa conectividade abra portas para diversas oportunidades, ela também representa um desafio significativo para as marcas: como se tornar relevante em meio a um turbilhão de informações e estímulos diários?

A economia da atenção, um fenômeno global que vem reformulando a relação entre marcas e consumidores, é essencial neste contexto. Com a sobrecarga de informações, o tempo de atenção das pessoas se fragmenta, tornando-se cada vez mais valioso e limitado. A disputa por esse espaço no cotidiano do consumidor é feroz, o que exige das marcas não só inovação, mas também a habilidade de atrair o foco do público de maneira eficaz.

“A economia da atenção exige uma adaptação das marcas a um cenário no qual a luta por cada segundo da atenção do consumidor se intensifica. A superabundância de conteúdos provoca uma fragmentação na concentração das pessoas, tornando imprescindível criar materiais que realmente envolvam e gerem uma conexão verdadeira com o público”, afirma Adriano Santos, sócio da Tamer Comunicação. Ele aponta que, no Brasil, essa competição é particularmente desafiadora devido à alta saturação digital, o que exige das marcas mais do que criatividade — é necessário originalidade e autenticidade.

Apesar do grande tempo online, Adriano ressalta que isso não significa, necessariamente, mais envolvimento. “O desafio é como prender a atenção de alguém que já está imerso em um fluxo contínuo de conteúdos e com um tempo de atenção cada vez mais restrito. Como não ser apenas mais uma distração?”, questiona. Ele reforça que não basta simplesmente estar presente nas plataformas digitais; é preciso estabelecer uma relação autêntica com o consumidor, criando um laço emocional que vá além da mera divulgação de conteúdo.

Embora a personalização da experiência do consumidor seja uma prática já consolidada em mercados como os Estados Unidos e a Europa, no Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) surgiu como um marco para garantir que essa personalização ocorra de maneira ética e transparente. Para Adriano, a confiança do consumidor é um ativo estratégico. “Embora a personalização seja importante, a transparência e o respeito à privacidade são fundamentais. Marcas que forem capazes de cultivar essa confiança terão mais sucesso ao engajar seus públicos de maneira genuína”, observa.

Em um cenário de forte disputa pela atenção, Adriano acredita que a autenticidade é o maior trunfo das marcas brasileiras. “No Brasil, mais do que em qualquer outro lugar, o público valoriza a sinceridade. As marcas precisam se humanizar, conectar-se com os valores dos consumidores. As narrativas que realmente tocam as pessoas são aquelas que não buscam vender a todo custo, mas que geram um vínculo emocional real”, enfatiza.

lmPor fim, ele adverte que, embora o mercado brasileiro seja altamente criativo, as marcas devem se adaptar às práticas mais sofisticadas, como o uso de Big Data, inteligência artificial e campanhas personalizadas. “Entretanto, é vital preservar a essência autêntica do consumidor brasileiro”, conclui Santos.