Um anjinho de 5 anos apenas e uma vida toda pela frente. O caso de Julio Henrique, uma criança que, foi morta após sofrer ataques de bullying por outras 3 crianças no estado do Pará, revive o alerta de que esse tipo de violência psicológica vive a rodear e assombrar crianças, jovens e suas famílias por toda parte.
Brutalmente agredido pelos colegas, Júlio Henrique não resistiu e veio a falecer. O que falar sobre essa tragédia? Como conter este tipo de ataque que parece viralizar? Como os pais podem perceber de imediato e conter esse tipo de ação?
Perguntas que podem ser respondidas através da saúde mental, afinal de contas, o bullying é um tipo de comportamento que pode ser configurado tanto como agressão física e verbal, quanto psicológica, atentando para a integridade de quem o sofre.
Por ser um conjunto de atos de violência física e psicológica, de forma intencional e contínua, traz grandes impactos para a saúde mental de suas vítimas, pois afeta gerando sérias deficiências para a vida de uma forma geral. É um problema social muito grave, e pode surgir em qualquer ambiente, ocasionando um total desequilíbrio da relação interpessoal dos envolvidos.
Os seus efeitos podem ser curtos ou de longo prazo, diretos ou indiretos. O psicológico do afetado fica abalado e podemos observar que a criança ou o jovem que sofre o bullying pode apresentar sintomas de insônia, reações psicossomáticas, medo, angústia, insegurança, dificuldade de interação com o outro, déficit de atenção e, nos casos mais graves, pode apresentar sintomas depressivos de alta grandeza, desencadeando transtorno de ansiedade generalizada, transtorno do pânico e, até levar ao suicídio.
Nem todas as palavras podem explicar e consolar essa família de Julio Henrique. Assim como a família destas três crianças que cometeram o crime também serão marcadas por toda à vida.
O bullying tem todas as características de um ato perverso e desumano. Uma agressão violenta e que estimula o emocional e o psíquico da vítima de uma maneira devastadora. O praticante desta ação muitas vezes, demonstra prazer em promover a humilhação do outro reincidentemente.
Neste sentido, o acompanhamento social e psicológico dos três fará muita diferença para conter ações e pensamentos perversos nos autores, já que este tipo de comportamento agressivo física ou psicologicamente, pode trazer sérias consequências prejudiciais ao desenvolvimento humano.
Quem vive sob a mão opressora do bullying pode se fechar para o mundo e tornar-se muito mais introvertido do que o normal. Se cala, não consegue ter espontaneidade, não consegue interagir com leveza, deixa de ter opinião própria, porque o medo a impede de se posicionar e torna-se muito mais sensível a toda e qualquer situação. Além de ficar preso aos traumas e sintomas graves decorrentes desta agressão.
Enfim, o menino Julio Henrique é mais um exemplo triste de que não se pode mais passar pano para casos de Bullying. Ao menor sinal de ataques e violência, providências devem ser tomadas.
O acolhimento a esta vítima deve ser feito de imediato. Não existe uma forma melhor de acabar com esta prática grave do bullying que não seja pela conscientização, correção e também pela prevenção.
A saúde mental de quem passa por este trauma violento também deve ser preservada. Não se pode negligenciar a proteção e até a punição para os casos em que o bullying está presente, pois a vida importa e a saúde mental e física de nossas crianças está relacionada a construção de adultos mais equilibrados e saudáveis.
Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista – Foto: Pedro Costa