Curta Brasília realiza exibição no sul da França

Curta Brasília realizou pela décima vez a Missão Cine França Brasil, com ações de intercâmbio cultural com apoio da Embaixada da França, exibições na CASA DOC’ em Nice e visita ao Bastide Rouge em Cannes, além de encontros profissionais entre cineastas brasileiros e programadores e produtores franceses. 

O intuito da direção do Curta Brasília é expandir horizontes e oportunidades de possíveis colaborações, coproduções e mesmo estudos e especializações para realizadores brasileiros. comenta Ana Arruda, diretora do Festival. “O apoio da Embaixada da França no Brasil permite esse intercâmbio, o Prêmio Cine França Brasil já virou nossa tradição“. 

A CASA DOC’ é uma associação com sede em Nice que promove exibição de documentários, realização de filmes, oficinas e ateliês. A associação também oferece tradução e legendagem especializada para os filmes participantes da mostra.

“Um dos diferenciais da associação é o formato dos eventos. As exibições acontecem no jardim ao ar livre, com comidas típicas do país homenageado, trilha sonora e uma ambientação que convida a mergulhar no universo das temáticas. Uma viagem ao Brasil por meio da experiência na CASA DOC“, comenta Virginie Fonseca, diretora da Associação francesa. 

A programação traz curtas-metragens brasileiros participantes de edições do Curta Brasília, resultante da parceria do Festival com entidades e associações internacionais desde 2012. A iniciativa firma o elo entre os países e amplia oportunidades de difusão e valorização do cinema brasileiro em janelas pelo mundo. 

Uma das atividades foi uma visita guiada ao Cannes Bastide Rouge, um centro de excelência para a economia criativa e o audiovisual em Cannes – capital do cinema e primeira cidade francesa (fora de Paris) que mais realiza feiras e festivais. Este local acolhe um verdadeiro viveiro cultural criativo onde talentos e profissionais audiovisuais, empreendedores, start-ups, estudantes e acadêmicos convivem lado a lado. 

Com investimentos para expansão de estúdios de filmagem e futuro museu do cinema, a direção do Bastide Rouge recebeu a comissão do Brasil na última segunda 04/09. 

Um dos intuitos é que a viagem possa render novas exibições na Europa, a partir do contato com programadores de festivais e centros culturais daqui”, complementa Ana, diretora do Festival e da iniciativa. O intuito do Festival, existente há 12 anos, é de que obras nacionais sejam vistas e tenham uma maior circulação internacional.

Renata Martins, diretora do filme “Sem Asas” – ficção de realismo fantástico, ganhadora do Prêmio Cine França Brasil em 2019, foi convidada para a sessão na França. O debate trouxe questões profundas que tange assuntos como racismo estrutural, colonialismo e novos formatos, infância e direitos, e sobre a liberdade poética que o cinema traz para imaginar outros caminhos da própria realidade. “Foi especial estar com meu filme junto com outras obras dirigidas por mulheres brasileiras. O diálogo com o público francês foi bem interessante “, comenta a cineasta, que teve recepção calorosa com aplausos do público francês presente. 

Além do filme “Sem Asas”, foi exibido também os curtas-metragens “Ainda Te Amo Demais”, de Flávia Correia, “Majur”, de Íris Alves Lacerda, e “Odò Pupa – Lugar de Resistencia”, de Carine Fiúza. 

O cineasta pernambucano Henrique Arruda, diretor e roteirista do filme “Os Últimos Românticos do Mundo”, premiado na edição de 2020 do Curta Brasília, ressalta que “foi minha primeira vez no exterior, pude participar de reuniões e encontros profissionais e conhecer o sul da França e a Europa, expande mesmo nossa visão como artistas”. 

Já a diretora do Festival, Ana Arruda, esteve presente na Missão para apoiar os cineastas premiados, auxiliando nas reuniões e ocasiões de encontros entre produtores, programadores e realizadores franceses. “O intuito do Curta Brasília, junto com a Embaixada da França, sempre foi ampliar as perspectivas profissionais de cineastas do Brasil nas viagens à França. Além da visibilidade dos curtas mundo afora, tem esse encontro único entre os realizadores brasileiros e os franceses, com uma vivência e troca a cada ano. Já tivemos relatos de cineastas que iniciaram, inclusive, coproduções internacionais após a Missão Cine França Brasil. A ideia também é conectar programadores e festivais europeus para que os filmes premiados ampliem mais janelas além do Curta Brasília “.  

Filmes exibidos

SEM ASAS

2018 – 20 min – Renata Martins – São Paulo – Ficção

Zu é um garoto negro de doze anos. Ele vai à mercearia comprar farinha de trigo para a sua mãe e, na volta pra casa, descobre que pode voar.

ODÒ PUPA, LUGAR DE RESISTÊNCIA

2018 – 14 min – Carine Fiùza – Bahia – Documentário

A fala, a imagem, as estatísticas e a repetição tudo comunica, mas pra quem se vocês dão as costas para os motivos pelos quais nossos filhos estão morrendo? Odò Pupa, rio vermelho que flui para o Atlântico e testemunha nossa diáspora.

MAJUR

2018 – 15 min – Íris Alves Lacerda – Mato Grosso – Documentário

Conheça Majur, chefe de comunicação de uma aldeia no interior de Mato Grosso. O documentário mostra um recorte de um ano de sua vida.

 

AINDA TE AMO DEMAIS

2020 –21 min – Flávia Correia – Alagoas – Documentário

Tendo por título a famosa canção de Luana do Reggae, este filme apresenta a cena reggaeira de Maceió (AL), pensando a respeito das sobrevivências, das transformações, do repertório de gestos e referências que, insuspeitas, germinam latente no coração dos amantes desse ritmo musical de resistência. O curta-metragem de Flávia Correia se aproxima das personagens, entrevistando e acompanhando seus cotidianos, retoma imagens de arquivos e articula um reencontro histórico com as memórias vivas do reggae alagoano.