Fitch retira triplo A dos Estados Unidos diante de piora das contas públicas

“O rebaixamento dos ratings dos Estados Unidos reflete a deterioração fiscal esperada para os próximos três anos”, alerta agência Fitch Ratings, que elevou a nota do Brasil há uma semana

Sete dias depois de elevar a nota de risco dos títulos soberanos do Brasil, a Fitch Rating rebaixou as notas dos títulos sobernos da dívida de longo prazo em moeda estrangeira dos Estados Unidos, retirando o triplo A da maior economia global.

“O rebaixamento dos ratings dos Estados Unidos reflete a deterioração fiscal esperada para os próximos três anos, um fardo alto e crescente da dívida do governo geral e a erosão da governança em relação aos pares classificados como ‘AA’ e ‘AAA’ nas últimas duas décadas que se manifestou em repetidos impasses de limite de dívida”, destacou o comunicado da Fitch, nesta terça-feira (1º/8), que apontou preocupação com o aumento da dívida do governo, com o aumento dos juros pelo Federal Reserve, na semana passada para o mais elevado patamar desde 2021, e a possibilidade de o país governado pelo democrata Joe Biden entrar em recessão.

De acordo com a agência norte-americana, “houve uma deterioração contínua nos padrões de governança nos últimos 20 anos, inclusive, em questões fiscais e da gestão da dívida, apesar do acordo firmando no Congresso norte-americano, em junho deste ano,  para suspender o limite da dívida até janeiro de 2025”. A entidade disse que os repetidos impasses políticos em torno do limite do endividamento do governo dos EUA e resoluções de última hora corroeram a confiança na gestão fiscal.

“O governo carece de uma estrutura fiscal de médio prazo, ao contrário da maioria de seus pares, e possui um processo orçamentário complexo”, alertou o comunicado que aponta deficits crescentes do governo geral, que passou de 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2022, para 6,3%, neste ano. Essa piora, segundo a Fitch, reflete “receitas federis ciclicamente mais fracas, novas iniciativas de gastos e uma carga de juros mais alta”. “A Fitch não espera nenhuma outra medida substancial de consolidação fiscal antes das eleições de novembro de 2024”.