Em comemoração aos 63 anos da capital brasileira, o B Hotel revelou livro com dicas preciosas
O Memorial de JK, por si só, é um espaço de surpresas. O monumento projetado por Oscar Niemeyer, que pode ser visto de diversos pontos de Brasília, eterniza o aceno do ex-presidente Juscelino Kubitschek à capital do Brasil, seu grande projeto de vida. Embora seja impactante por fora, seus verdadeiros tesouros estão no interior, em um grande museu que não aparenta ser tão completo quando se observa de fora.
Descendo algumas escadas, o visitante adentra um mausoléu com dois andares de registros e memórias que contam a história da cidade — um acervo valioso que ainda será mais detalhado ao longo deste texto. Um dos grandes destaques da visita, no entanto, foi a presença de Eurides Oliveira, de 68 anos. Funcionário mais antigo do Memorial, ele estava lá quando o espaço foi inaugurado, em 1981.
“Comecei na limpeza e fui passando por diversas áreas aqui no Memorial”, conta ele, que hoje é recepcionista e um grande contador de histórias. “Essa aqui é uma coleção de Shakespeare que Juscelino ganhou da Rainha Elizabeth”, aponta ele assim que o grupo de visitas ingressa na biblioteca de JK, uma réplica do ambiente que o estadista possuía em seu apartamento no Rio de Janeiro. As medidas e as posições dos móveis são idênticas, enquanto os livros são todos originais, conservados pela família e pela gestão do espaço.
Com extenso conhecimento sobre a trajetória que levou à construção de Brasília e as riquezas expostas no espaço, Eurides representa bem o sentimento crescente ao longo do passeio por Brasília: é história pura sobre um período importantíssimo do Brasil. Mais do que um lar de movimentos políticos, a Capital Federal carrega histórias pessoais como a de Eurides, que nasceu na Bahia e migrou para Brasília em busca de emprego na década de 1980.
O B Hotel lançou o Mapa Afetivo da cidade, que foi lançado recentemente em comemoração ao aniversário de 63 anos da cidade, no dia 21 de abril. Em parceria com o projeto Experimente Brasília, de Patrícia Herzog, o mapa busca estimular uma permanência maior dos hóspedes na cidade.
“Muitas pessoas carregam uma imagem negativa de Brasília por conta da política, mas somos muito mais do que isso”, diz Alfredo Stefani Neto, diretor geral do B Hotel, durante a apresentação do mapa afetivo para o grupo de jornalistas. De acordo com ele, a princípio o mapa será produzido somente no formato impresso, sendo disponibilizado de forma gratuita aos hóspedes com indicações de roteiros de 3 a 6 horas de passeio.
“No futuro, podemos expandir o conteúdo, com versões para estimular uma permanência maior do público na cidade, voltadas também aos visitantes estrangeiros”, conclui o diretor. Além disso, a ideia é atualizar o mapa a cada três meses, para que dicas culturais e gastronômicas estejam sempre atualizadas. As dicas estarão disponíveis para que os hóspedes decidam se querem realizar os passeios por conta própria, com um transfer indicado pelo hotel ou até com o acompanhamento da curadora Patrícia Herzog.
“Criamos um mapa com experiências exclusivas e endereços incríveis para que visitantes e moradores possam vivenciar Brasília, patrimônio mundial e criativo, de forma íntima e fascinante, como toda cidade merece ser desfrutada”, explica Patrícia em nota oficial para a imprensa.
O passeio pelo Memorial JK e o encontro marcante com Eurides foi apenas uma parte do tour turístico vivenciado pela Versatille. Conhecendo um pouco mais sobre o mapa afetivo, vale dizer que Brasília realmente surpreende e pode ser o destino ideal para — principalmente —, apaixonados por história, arquitetura e design. Confira alguns passeios a seguir:
1 – O próprio B Hotel
Com apenas quatro anos de operações, o B Hotel já é “a cara de Brasília” — se me permitem a intimidade. Com janelas dispostas de forma irregular, o projeto foi concebido pelo renomado arquiteto Isay Weinfeld e homenageia a essência urbanística e arquitetônica da Capital Federal. Nada é convencional na cidade: ela é toda plana, quase não há semáforos e não há esquinas. De certa forma, as janelas dispersas combinam com o ar local.
Mas, para além do design e do conforto para os hóspedes, o B Hotel passou a ser uma referência também para os moradores que, nos fins de tarde, disputam um lugar no terraço, onde ficam a piscina e o Bar 16. A vista privilegiada é responsável pelo burburinho. Do alto, é possível ver pontos como o estádio Mané Garrincha e até o Memorial JK, bem no horizonte — há boatos de que no pôr do sol tudo fica ainda mais interessante.
Para receber esse público, a gastronomia está sendo reestruturada para oferecer uma experiência que reverencie a culinária da região. Toda a operação é abastecida pela horta orgânica do Sítio Samambaia, no estilo farm-to-table. localizado no Núcleo Rural de Sobradinho II, cerca de 30 km da capital, a propriedade foi criada em 2016 para difundir uma filosofia mais sustentável, com uma proposta de alimentos saudáveis, frescos e 100% livres de agrotóxicos.
2 – Reforço: Memorial JK
Houve a promessa de dar mais detalhes sobre o acervo do Memorial e toda sua estrutura, então vale falar mais um pouco sobre esse ponto turístico. A exposição está abaixo do monumento — sim, em uma espécie de mausoléu. De fora, não parece que o ambiente é tão amplo. Ao entrar, há um corredor com fotos da vida de Juscelino Kubitschek. Até pode parecer, à primeira vista, que esse é todo o espaço do museu, mas Oscar Niemeyer não brinca em serviço.
O Memorial tem dois andares, uma sala mortuária com os restos mortais de JK, e até um anfiteatro espaçoso para eventos. Ao longo de 5.784 metros quadrados, há um acervo pessoal e político precioso, com maquetes para quem busca entender sobre a construção da Capital e itens pessoais para os mais interessados no impacto do ex-presidente para a história do Brasil.
3 – Quadra Modelo: um patrimônio histórico, artístico e cultural
Brasília foi uma cidade pensada e planejada com cuidado — e a Superquadra 308 Sul é um um belo exemplo disso. Conhecida como quadra modelo, ela foi fundada em 1962 para servir de referência para outras superquadras do Plano Piloto. Com infraestrutura criada pelo urbanista Lúcio Costa, ela possui escola, espaço cultural, posto de saúde, biblioteca pública, supermercados e uma igreja. O objetivo era oferecer tudo que era necessário aos moradores sem que eles precisassem sair de carro.
Além da comodidade, também era uma forma de criar uma comunidade unida que não se diferenciasse entre classes e bairros. Que todos morassem nas quadras e usufruíssem dos mesmos serviços. O sonho não se tornou realidade, mas a quadra modelo ainda existe e é um local perfeito para quem quer conhecer mais sobre esse projeto urbanístico que foi tombado como Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural em 2009.
O espaço reúne características marcantes para a história da arquitetura nacional, como o paisagismo de Burle Marx, os azulejos de Athos Bulcão em cada prédio e a Escola Parque projetada por Oscar Niemeyer. Embora alguns prédios permaneçam conservados, outros já passaram por reformas que mudaram algumas características de sua história. Conhecer o espaço é valorizar um dos maiores sítios tombados do planeta.
4 – Os azulejos mais famosos da cidade estão na Igrejinha
Dentro da Superquadra 308 Sul, a Igrejinha é um ponto turístico à parte. Carinhosamente apelidada no diminutivo por conta de seu tamanho, ela merece um tópico exclusivo com alguns detalhes sobre sua estrutura. Os famosos azulejos que compõem a sua lateral já se tornaram um símbolo da Capital Federal.
Em azul e branco, o desenho no azulejo representa uma pomba invertida — referência ao Espírito Santo —, e foi criado por Athos Bulcão. Já o prédio, mais uma vez fugindo do convencional e do linear, foi projetado por Oscar Niemeyer. A Igrejinha foi o primeiro prédio de Brasília a ser erguido, em 1958. Por trás de sua construção, havia o pedido de dona Sarah Kubitschek, a ex-primeira dama, em pagamento a uma promessa pela saúde de sua filha.
Hoje, a área interna da Igreja Nossa Senhora de Fátima — seu nome original —, já foi reformada. Os afrescos originais eram de Alfredo Volpi, mas foram cobertos de tinta ainda na década de 60 por serem considerados pagãos. Em 2009, o artista Francisco Galeno ficou responsável pela nova pintura do espaço, que atualmente conta com referências aos traços e às clássicas bandeirinhas do trabalho de Volpi.
5 – Uma breve passagem pelos três poderes. Por que não?
“Pai, olha o Jornal Nacional” — essa foi uma das frases que o guia turístico Sérgio Afonso ouviu durante um de seus inúmeros tours guiados pela cidade. O cenário que rendeu esse comentário foi a Praça dos Três Poderes, que carrega boa parte da imagem da política nacional. “A gente sempre vê na televisão, então esse menino relacionou com o jornal”, conta ele durante o trajeto para o aeroporto.
Na opinião de quem nunca havia visitado Brasília, realmente é interessante ver pessoalmente os prédios que são mostrados diariamente nos noticiários. No dia da visita, havia uma manifestação dos povos indígenas no local, então a passagem foi rápida. Mesmo assim, acredito que o “contratempo” representou bem a importância da Capital Federal quando se trata de política. O próprio projeto urbanístico do entorno da Praça dos Três Poderes foi pensado para a realização de manifestações pacíficas. Além disso, os prédios carregam uma arquitetura marcante que merece ser apreciada.