Manchas na pele: quais as causas e como tratar

Além de tratar a mancha, a biomédica Ana Clara Brathwaite defende “acalmar” o melanócito para evitar o surgimento de novas manchas. Principal aliado é o uso correto do protetor solar

Ana Clara Brathwaite

As manchas na pele são causadas pelos melanócitos, células de defesa que produzem melanina como mecanismo de defesa quando se sentem agredidos. A melanina é a substância que dá cor aos nossos olhos, cabelos e pele, mas quando produzida em quantidade exagerada tem como resultado as temidas manchas. “Um tipo comum de manchas é a hiperpigmentação pós-inflamatória, que pode ser causada pela acne ou pós-procedimentos estéticos. No primeiro caso, algumas pessoas têm mais propensão que outras, mas o segundo normalmente ocorre quando o paciente não segue as recomendações ou quando o especialista usa algo muito agressivo e causa um processo inflamatório exagerado”, explica a biomédica Ana Clara Brathwaite.



Uma das manchas mais temidas é o melasma, uma mancha acastanhada que, normalmente, surge em mulheres em idade fértil e pode aparecer devido a fatores como exposição solar em exagero, gestação, uso de anticoncepcional ou até procedimentos estéticos que agrediram demais a pele. “Sua maior relação é com a exposição solar e hormônios. Apesar do melasma não ter cura, ele tem controle. Mas, se o paciente faz o tratamento e se expõe ao sol, a mancha volta”, diz.

Outra mancha que pode surgir da exposição ao sol é a melanose solar, uma mancha que aparece com a idade porque fica escondida embaixo da pele e, conforme vamos envelhecendo, ela vai aparecendo. “Isso acontece porque os efeitos do sol na pele são cumulativos e tardios. Só veremos esse resultado daqui a 20 anos, então a melanose solar é conhecida como uma mancha senil, que aparece em pessoas mais velhas, mas pode aparecer em pessoas novas também. Ela é uma resposta à agressão e pode ser tratada, mas é difícil de clarear 100%”, explica a biomédica.

Manchinhas de sol aparecem mais em pessoas mais brancas, com fototipos mais baixos, justamente porque qualquer radiação ultravioleta agride essa pele, diferente de uma pele mais pigmentada de fototipo mais alta, que já tem uma proteção natural da melanina. O uso do filtro solar diminui muito a incidência do surgimento dessas manchas e ele é o principal aliado, tanto na prevenção, como no tratamento das manchas.

É importante ressaltar que as manchas podem escurecer não apenas com exposição ao sol, mas também com exposição à luz artificial, por isso o uso do protetor solar também é importante para quem trabalha na frente do computador. E o filtro solar deve ser usado de forma correta, com quantidade adequada, repassando de três em três horas e usando filtros com cores ou até componentes físicos, como blusas e chapéus.



Tratamentos disponíveis para manchas

Segundo Ana Clara, o tratamento das manchas não acontece apenas no consultório e é preciso combinar essa estratégia com a rotina de skincare. Algumas opções de tratamento são os peelings químicos – como os ácidos retinóico, mandélico, glicólico e tricloroacético –, que vão clarear a mancha. No consultório, também é possível fazer o microagulhamento para infusionar ativos clareadores, como vitamina C e o ácido tranexâmico, que tratam a parte interna da mancha.

De acordo com a especialista, o tratamento tem como objetivo clarear a mancha e acalmar o melanócito para que ele não produza uma nova mancha com efeito rebote. “Gosto muito de fazer a combinação do peeling químico, que vai descamar a pele e fazer essa renovação celular e clareamento mais rápido na mancha superficial, com o microagulhamento, que vai ajudar no clareamento por causa da produção de fatores de crescimento e da vasodilatação, mas também com a penetração dos ativos para tratar a mancha por dentro. Tratando o melanócito sem agredir, ele diminui a produção de melanina e o tratamento faz o efeito clareador”, pontua a biomédica.

“E ainda temos os cuidados em casa com uma rotina de skincare bem estabelecida, com o uso de de ativos clareadores e antioxidantes, como a vitamina C, e até algumas substâncias orais que melhoram a proteção contra a radiação ultravioleta, a exemplo do polypodium leucotomos e oli ola, que são antioxidantes que usamos como ‘fotoprotetores orais’”, diz Ana Clara. Na rotina em casa, Ana Clara indica o ácido mandélico associado com o ácido retinóico, que é clareador, rejuvenescedor e controla o aparecimento de acne.