Peter Eckschmiedt, Eduardo Tagliaferro e mais 11 pessoas respondem por peculato e organização criminosa em São Paulo
A Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo (PGJ-SP) denunciou, nesta quarta-feira (3/9), o juiz Peter Eckschmiedt e o perito Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes (STF), além de outras 11 pessoas, por peculato e organização criminosa.
Segundo a denúncia, Eckschmiedt teria idealizado e liderado um esquema para desviar dinheiro em processos da 2ª Vara Cível de Itapevi, na Grande São Paulo. Em operação no ano passado, a PGJ e a Polícia Militar apreenderam R$ 1,7 milhão escondidos no sótão da casa do magistrado em Jundiaí.
Em maio deste ano, o juiz foi punido com aposentadoria compulsória, pena mais grave aplicada a magistrados, após decisão unânime do órgão competente.
Como funcionava o esquema
De acordo com a PGJ, a organização montava ações de execução fraudulentas usando títulos falsificados, como notas promissórias. O juiz manipulava a tramitação para que os casos chegassem à sua vara, emitindo decisões de bloqueio e desbloqueio de valores. Os recursos eram então transferidos para contas judiciais e levantados em benefício do grupo.
Ainda conforme a denúncia, Eduardo Tagliaferro atuava como responsável por “serviços de forense digital”, realizando limpezas em celulares dos envolvidos para dificultar as investigações.
As investigações apontam que parte dos desvios atingiu valores de heranças, entre elas a do empresário e ex-piloto de Stock Car Alexandre Negrão, morto em 2023.
O que dizem os acusados
A defesa do juiz Peter Eckschmiedt afirmou, em nota, que não comentará por se tratar de processo sigiloso, mas que ele nega veementemente as acusações.
“Os fatos serão devidamente esclarecidos no momento oportuno, por meio da defesa técnica a ser apresentada nos autos. A defesa reforça o compromisso com a verdade, o devido processo legal e o respeito às instituições”, disseram os advogados Paulo Hamilton Siqueira Junior e Paulo Herschander.