A nova série da Max, Chespirito: Sem Querer Querendo, estreia nesta quinta-feira (5/6) e promete provocar tanto emoção quanto desconforto. A produção mergulha profundamente na vida pessoal e artística de Roberto Gómez Bolaños, o eterno criador de Chaves e Chapolin Colorado, revelando conflitos, traições, desentendimentos e reinterpretações que mexeram até com a estrutura emocional de quem conviveu com ele intimamente.
Entre bastidores e sentimentos, a série expõe o homem por trás do mito.
Uma história contada em camadas
A trama se desenrola entre as décadas de 1950 e 1980, retratando desde a infância de Bolaños até o auge de sua carreira na televisão mexicana e no coração da América Latina. Com forte carga emocional, a narrativa vai além da genialidade cômica: traz à tona relacionamentos amorosos conturbados, atritos com colegas de elenco, crises familiares e o peso da fama.
Para o filho do ator, Roberto Gómez Fernández, a experiência de produzir a série foi quase terapêutica — literalmente. Em entrevista coletiva, ele revelou que precisou de acompanhamento psicológico para processar as revelações.
“Tive que reconstruir a ideia que eu tinha do meu pai. Conheci ele de outra forma. Precisei até fazer terapia para entender o desenvolvimento da vida dele desde a infância. Foi muito interessante, mas também difícil”, confessou Fernández, que também atua na produção.
Conflitos eternizados
O roteiro não ignora as feridas que o tempo não curou. A série aborda, ainda que com certa sutileza, os históricos desentendimentos entre Bolaños e Carlos Villagrán (Quico), além do relacionamento controverso com Florinda Meza (Dona Florinda) — figuras centrais na mitologia do Chaves original, mas que optaram por não se envolver na produção.
Ambos são representados por personagens ficcionais: “Margarita Ruíz” (Dona Florinda) e “Marcos Barragán” (Quico). A mudança de nomes não evita a identificação do público com as figuras emblemáticas da vila.
“Não tive contato com o Carlos Villagrán. Busquei referências em entrevistas dele, mas o trabalho acabou sendo bem autoral. Criei o meu próprio Quico”, disse Juan Lecanda, ator que assume o papel inspirado no amigo barrigudo do Chaves.
Um elenco reimaginando ícones
A série reúne nomes como Pablo Cruz, Miguel Islas, Eugenio Bartilotti, Andrea Noli, Arturo Barba, entre outros, que reconstroem o universo de Chespirito sob uma nova ótica — mais humana, mais densa, mais crua.
Não se trata de uma paródia, tampouco de um tributo ingênuo. A produção tem alma de biografia e coragem de bastidor, tocando nas feridas que muitas vezes ficaram escondidas atrás da risada popular.
Um legado recontado
Sem Querer Querendo não se limita a revisitar o legado cômico de Bolaños — ela questiona, revela, confronta e emociona. A série tem tudo para se tornar um divisor de águas na forma como enxergamos ícones culturais e os bastidores que construíram suas imagens públicas.
Chespirito, antes símbolo puro de inocência televisiva, agora se apresenta em carne, osso e contradições. A genialidade continua lá — mas, desta vez, acompanhada das sombras que também moldaram o homem por trás da fantasia.
📺 Chespirito: Sem Querer Querendo 🎬 Estreia: 5 de junho | Plataforma: Max 🔎 Para fãs, críticos e curiosos: um retrato surpreendente, humano e necessário.
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